O Presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) apontou a confirmação de uma boa presença desportiva como a principal expectativa da delegação portuguesa ao Rio 2016, mas assumiu que tem a esperança de trazer medalhas no regresso a Portugal.

“[A expectativa é] A de confirmar uma boa presença desportiva, aproveitando este momento tão inspirador que o desporto nacional tem vivido nas últimas semanas. Portanto, a minha expectativa é que possam confirmar e se possível superar os resultados que estiveram na origem do apuramento dos 94 atletas [viajam apenas 92]”, começou por dizer, em entrevista à agência Lusa.

José Manuel Constantino reconheceu, no entanto, que as medalhas não estão fora do pensamento da delegação: “Se nós disséssemos que não íamos a pensar em medalhas, não estaríamos a falar verdade. Vamos nós a pensar, vão os atletas, vão as federações e uma parte significativa dos portugueses. Embora tenhamos que ter presente que dos 10.500 atletas que participam apenas dez por cento regressam às suas respetivas casas com medalha. Nós esperamos que nesses dez por cento estejam alguns portugueses”.

O presidente do COP acredita que, a haver conquista de metais, esta poderá acontecer no atletismo, no futebol, na canoagem, no judo, no taekwondo ou no ténis de mesa, mas reforçou que ao listar estas modalidades está a excluir outras cujos atletas já manifestaram vontade de lutar pelas medalhas.

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“Eu fico muito satisfeito que, para além do meu otimismo, se possa acrescentar o otimismo dos atletas”, realçou.

José Manuel Constantino é responsável por uma mudança de paradigma no COP – a de incentivar os atletas a desfrutarem da experiência ao invés de os pressionar a trazer medalhas -, destacada por Nelson Évora na receção da delegação portuguesa pelo Presidente da República, a 13 de julho, no Palácio de Belém.

“Eles estarem lá já uma grande conquista. Creio que em atletas como o Nelson e muitos outros, que já conquistaram para Portugal o que conquistaram, não é desejável, nem é aconselhável que se coloque sobre os seus ombros mais responsabilidade que aquelas de quem já prestou tão bom serviço ao desporto nacional. Ninguém mais do que os atletas quer ir para os Jogos e apresentar bons resultados. Portanto, acho que devemos viver com essa ambição, sem criar qualquer pressão adicional”, justificou.

O máximo responsável olímpico em Portugal vê com bons olhos o estado de euforia que o país está a viver graças à sucessão de títulos mundiais e europeus em várias modalidades, considerando que os acontecimentos recentes criam um ambiente positivo para os Jogos Olímpicos.

“Nós, apesar de sermos o país que somos — periférico, com muitas insuficiências quando comparados com outros países –, conseguimos, no contexto da vida desportiva internacional, bater-nos pelos melhores lugares e, em alguns casos, ser mesmo campeões. Penso que isso é positivo. Melhora a nossa autoestima, reforça as nossas capacidades e é uma onda muito positiva que passa para todo o desporto nacional”, completou.

Para José Manuel Constantino, a capacidade de superação de Portugal reside nos excelentes atletas, nos bons treinadores e nas federações bem organizadas, que, na sua união de esforços, conseguem esbater as diferenças existentes relativamente a outros países e tornar ainda mais grandioso o feito dos desportistas, que apesar das circunstâncias adversas, conseguem ser campeões.

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro vão decorrer entre 5 e 21 de agosto.