Depois de um período atribulado, a Bristol está de volta. A marca revelou o Bullet, um speedster de altas prestações, que será introduzido no mercado em 2017, cujo design pretende ilustrar a herança de várias décadas de inovação da marca, com os guarda-lamas, a grelha e o capot a remeterem para as origens aeronáuticas da empresa.

A carroçaria é composta por painéis exclusivos de fibra de carbono, material conhecido pela sua elevada robustez e resistência, e pelo seu peso reduzido. Já o interior visa cumprir os mais modernos preceitos, exibindo um sistema de infoentretenimento com ecrã táctil, rádio digital DAB, ligação para smartphones, ligações Bluetooth e Wi-Fi, e um sistema de navegação que até conta com um botão específico para acesso directo às coordenadas do stand londrino da Bristol.

O luxo, esse, está patente, por exemplo, num tablier que conjuga a clássica madeira com fibra de carbono, e que, em opção, pode ser integralmente revestido a fibra de carbono, de padrão unidireccional e com montagem artesanal. À mão são também aplicados os revestimentos em pele dos bancos desportivos.

Com 4200 de comprimento, 1860 mm de largura, 1200 mm de altura, uma distância entre eixos de 2553 mm e um peso a seco de 1100 kg, o Bullet é animado por um motor 4.8-V8 atmosférico de origem BMW, posteriormente trabalhado pelos técnicos da Bristol. Pode ter acoplada uma caixa manual ou automática, e disponibiliza 370 cv e 490 Nm, permitindo ao modelo alcançar 250 km/h de velocidade máxima e cumprir os 0-100 km/h em 3,8 segundos. Foi baptizado como Hercules, em homenagem ao lendário motor radial Bristol Hercules de 14 cilindros e 1300 cv.

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Pináculo atingido

A Bristol é uma marca de automóveis singular, e por isso, talvez, pouco conhecida da maioria. Originalmente dedicada ao fabrico de aviões, na sua época áurea foi uma das maiores empresas do seu sector, chegando a empregar 50 mil pessoas.

Enquanto fabricante de automóveis, a história da Bristol remonta ao final da II Grande Guerra, quando, em 1945, em colaboração com a Fazer-Nash e a BMW, decidiu construir o seu primeiro modelo, o 400.

Em 1947 foi fundada a Bristol Cars Limited, cujas criações sempre foram marcadas por uma combinação de luxo e exclusividade com inovação tecnológica, assim como por um posicionamento comercial algo “sui generis” – a marca é avessa a publicidade e o seu único stand está situado em Kensington, Londres.

Os reduzidos volumes de produção, o garante de uma enorme exclusividade, sempre foram outra das características da marca inglesa, por sinal bastante querida de algumas celebridades do mundo do espectáculo, nomeadamente britânicas. Mas também ajudam a perceber por que razão, em Março de 2011, a actividade da Bristol foi suspensa, os seus 22 trabalhadores dispensados e os destinos da empresa entregues a uma administração judicial.

Em Abril desse mesmo ano, a Kamkorp, do empresário indiano Kamal Siddiqi, adquiriu a companhia e decidiu juntá-la à Frazer-Nash, colocando ambas as empresas no mesmo grupo, com a Bristol a dedicar-se, essencialmente, desde então, à manutenção, recuperação, restauro e comercialização de modelos do seu passado. Foi nessa altura que os novos proprietários descobriram, negligenciado e ignorado na velha fábrica da Bristol, o protótipo de um speedster que decidiram utilizar para recuperar e celebrar tudo o que fez desta uma marca muito especial.

Nascia, assim, o Projecto Pinnacle, apresentado em 2015, e o qual prometia, para o final de Julho de 2016, a revelação do primeiro modelo da Bristol desde 2011. A primeira parte do plano está cumprida.

Resta aguardar pelo lançamento do Bullet em 2017, sendo que para o futuro “pós-Bullet” poderá ser determinante a electrificação. Não só por ser um dos temas do momento, mas porque as soluções de mobilidade eléctrica, nomeadamente para os sectores industrial e dos transportes, são uma das principais actividades da Frazer-Nash, uma das mais dinâmicas e importantes empresas do grupo Kamkorp.