O papa Francisco almoçou hoje com 14 jovens voluntários nas Jornadas Mundiais de Juventude (JMJ), que decorrem até domingo em Cracóvia, no sul da Polónia, num encontro recheado de conselhos, brincadeiras e muitas selfies.

Numa mesa, com uma toalha branca e centros de flores amarelas — as cores da bandeira vaticana —, os 14 rapazes e raparigas oriundos de vários países em representação de todos os continentes, da Polónia e uma tradutora almoçaram com o arcebispo de Cracóvia, cardeal Stanislaw Dziwisz, e Francisco.

Francisco quebrou o nervosismo inicial. “Quem fala espanhol?”, perguntou e, perante as seis mãos no ar, decidiu continuar em espanhol.

“Foi uma experiência maravilhosa e única na vida. O papa fez toda uma série de perguntas sobre as nossas vidas e deu-nos conselhos sobre como evangelizar: primeiro com os atos e não com as palavras”, disse Marco Bulgarelli, da Costa Rica.

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O papa foi mais sério quando falou aos jovens sobre como rezar ou da importância da confissão. “Quando se confessa, procura entre os pecados aquele de que tem mais vergonha e esse é o primeiro que conta para sentir antes o perdão de Deus”, disse.

Também falaram da Síria, onde os jovens cristãos também estão a celebrar umas pequenas JMJ, apesar da guerra e das dificuldades.

No almoço, Francisco confirmou aos jovens que pretende visitar a Colômbia no próximo ano, embora “ainda não haja uma data”

Para Paula Mora, da Colômbia, este almoço foi “como comer com o pai, enquanto ouves os seus conselhos de vida”, sublinhando a proximidade e paz que emana o papa argentino.

No final da refeição, todos pediram a Francisco “uma sessão de selfies“. “O papa tinha continuado, mas os seguranças disseram-nos que tinha que se ir embora”, explicaram.

Amante de futebol, Francisco perguntou a um seminarista brasileiro quem era melhor se “Pelé ou Maradona”. “Eu gosto do Messi, santidade”, respondeu o jovem.

Em seguida, o papa visitou a igreja de São Francisco, em Cracóvia, onde se encontram as relíquias de dois missionários polacos assassinados no Peru, rezando pelas vítimas do terrorismo e para que os terroristas reconheçam a maldade das suas ações.

Esta paragem, que não fazia parte do programa oficial, ocorreu antes da vigília no “Campo da Misericórdia”, na qual deverão participar mais de um milhão de jovens.

Papa adverte jovens para não se deixarem entorpecer no sofá

O papa Francisco advertiu os jovens contra o risco de confundir “o sofá e a felicidade” e de ficarem “entorpecidos e embrutecidos” pelo conforto pessoal e jogos de vídeo.

O papa falava para mais de um milhão de participantes – de acordo com os serviços de segurança – concentrada para uma vigília em Brzegi, a 15 quilómetros de Cracóvia.

Esta vigília antecede o final das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ).

Depois de ter ouvido testemunhos de jovens, pediu-lhes que combatam uma paralisia “perigosa e por vezes difícil de identificar”, que “nasce quando se confunde a felicidade com um sofá”.

“Um sofá que nos ajuda a sentir à vontade, tranquilos, em segurança. Um sofá – como existem agora, modernos, com massagens, incluindo para dormir – que nos garante horas de tranquilidade para nos transferir para o mundo dos jogos vídeo e a passar horas em frente ao computador”, disse.

“Sem nos darmos conta, deixamo-nos adormecer e ficamos entorpecidos e embrutecidos, enquanto outros – talvez mais despertos, mas não melhores – decidem o nosso futuro”, sublinhou.

O papa declarou ainda que “o tempo atual não precisa de jovens-sofá, mas de jovens com sapatos”.

“Não vimos ao mundo para ‘vegetar’, mas para deixar a nossa marca”, sublinhou.

A vigília, testemunhos e meditação do papa foram acompanhados por cânticos, demonstrações de ‘break-dance’, números de acrobacia e quadros vivos, como o evocativo do perdão de João Paulo II ao turco Ali Agca, que tentou matar Karol Wojtyla na praça de São Pedro, a 13 de maio de 1981.

Os jovens, equipados com sacos-cama, vão dormir ao ar livre, aguardando a missa final das JMJ, no domingo.