Depois das megamanifestações que ocorreram no Brasil e no exterior durante semanas até à aprovação do pedido de afastamento de Dilma Rousseff em maio, a divisão da sociedade brasileira promete voltar a aquecer as ruas.

Para além de apelar à mobilização a favor do afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência, o movimento “Vem prá Rua” convidou os brasileiros a manifestarem-se a favor da Operação Lava Jato, que investiga o maior esquema de corrupção do país, e da aprovação de medidas anticorrupção no Congresso.

O protesto ocorre dois dias depois de o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliado de Dilma Rousseff, ter sido constituído arguido por alegadamente tentar obstruir a investigação da Lava Jato.

Na rede social Facebook, o evento do protesto já conta com mais de 112.000 presenças confirmadas.

Entre as 188 cidades em que o movimento diz ter protestos confirmados figuram Lisboa, com manifestação agendada para as 16:00 horas na Praça Luís de Camões, Milão, em Itália, e Boston, Miami e Nova Iorque, nos Estados Unidos.

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Contudo, a data do evento gerou divisões entre os defensores do ‘impeachment’, com o grupo Movimento Brasil Livre a decidir adiar o protesto para uma data mais próxima da votação final do processo, por estar a registar pouca adesão na Internet para o protesto de hoje.

Também para hoje, estão previstas manifestações contra a aprovação do ‘impeachment’ e contra o governo do Presidente interino, Michel Temer, que assumiu funções a 12 de maio, na sequência da aprovação do pedido de destituição de Dilma Rousseff.

As manifestações em causa são organizadas pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e apoiadas por mais de 40 grupos ligados a causas populares.

Segundo a página do evento no Facebook, o protesto conta com 8.900 manifestantes confirmados em, pelo menos, onze cidades brasileiras e em sete cidades nos Estados Unidos e na Europa, incluindo na Praça do Rossio, em Lisboa, às 19:00 horas.

O protesto ocorrerá também na próxima sexta-feira, na abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, aproveitando o espetáculo internacional para espalhar além-fronteiras a mensagem contra Michel Temer e contra aquilo que consideram ser um golpe institucional contra Dilma Rousseff.

Na página do evento, lê-se ainda que a iniciativa visa lutar pela “auditoria da dívida pública, democratização das comunicações, desmilitarização da polícia e o fim do genocídio da população negra”, além de denunciar aquilo que chamam a “quadrilha” que está no poder e que leva a cabo um “programa de retrocessos” e uma política contra o mundo laboral.

Espera-se que a onda de protestos no Brasil se torne mais forte durante os Jogos Olímpicos e à medida que se aproxima a data do julgamento final de Dilma Rousseff no Senado, que deverá ocorrer entre 25 a 27 de agosto, após o maior evento desportivo do mundo.