Milhares de manifestantes protestaram este domingo junto do Congresso brasileiro, em Brasília, pedindo uma intervenção militar no Brasil e o fim da corrupção e de medidas vistas como comunistas no Brasil.

Enquanto distribuía panfletos com a mensagem “Deus, pátria e família”, Elaine Rocha disse à Lusa que decidiu participar no protesto pelo afastamento da Presidente com mandato suspenso, Dilma Rousseff, e também pela “intervenção militar”.

“São todos corruptos. O Brasil está um caos”, lamentou, frisando que os três poderes — judicial, legislativo e executivo — estão mergulhados em corrupção e que não existe oposição política.

A funcionária pública de 60 anos recordou os tempos em que o Brasil viveu sob um regime militar, de 1964 a 1985, não como uma ditadura, mas como um tempo em que os brasileiros tinham melhores escolas públicas e segurança.

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“Estamos na mão de uns canalhas, que fizeram uma verdadeira quadrilha para saquear o Brasil. Estou a falar do PT [Partido dos Trabalhadores] e do Lula [da Silva, ex-Presidente]”, considerou Gomercindo Lopes, dois dias depois de o ex-líder brasileiro ter sido constituído arguido por tentar obstruir a Justiça.

O octogenário lamentou também que a Universidade de Coimbra tenha atribuído o grau doutor ‘Honoris Causa’, em 2011, a Lula da Silva, que considerou ser um “analfabeto e ladrão”.

“Se alguém foi incomodado na ditadura, é porque tinha alguma coisa para pagar”, comentou.

O administrador de empresa João Bosco opinou que a intervenção militar seria preferível a eleições, porque seria “temporária”, para posteriormente colocar no poder “pessoas escolhidas e honestas”.

Na sua visão, hoje em dia não existe democracia no Brasil, porque impera o socialismo, que o PT implantou, ao “tirar de quem tem para dar a quem não tem”, incluindo “filho de bandido”, em vez de “mostrar para a população que é o trabalho que vai fazer as pessoas melhorarem a sua situação”.

“Todos os Presidentes militares que governaram o Brasil saíram do governo da mesma forma que entraram, não enriqueceram. Aqui, todos os políticos estão podres de ricos e a população está a ir para o fundo do poço”, comentou.

Já Marta Veras, que é contra a intervenção militar, defendeu tirar a corrupção do país e ver aplicadas “dez medidas contra a corrupção” no Congresso.

Cláudio Rodrigues, de 47 anos, também veio ao protesto contra o comunismo, contra o regresso de Dilma Rousseff e para defender “um Brasil livre de roubalheira”.

Marcos Medeiros, de 35 anos, alertou que o Supremo Tribunal Federal “está a fazer o mínimo exigido para não ficar óbvio que não está a ajudar” ao processo de afastamento de Dilma Rousseff, que, na sua visão, já se arrasta há demasiado tempo.

A maioria dos entrevistados não acredita que Dilma Rousseff volte ao poder e, apesar de preferir o Presidente interino, Michel Temer, muitos não esquecem que ele estava ligado ao PT.

Segundo a Polícia Militar, cerca de 5 mil pessoas participaram no protesto, onde muitas pessoas apareceram vestidas com as cores verde e amarela, as mesmas da bandeira brasileira, e em que se podiam ler também faixas em inglês, como “Fora o comunismo”.

De acordo com agentes da polícia, um grupo contra Michel Temer também tentou entrar no local para protestar, mas a polícia decidiu impedi-los para evitar conflitos.

Segundo a imprensa brasileira, um pequeno grupo a favor do regresso de Dilma Rousseff distribuiu panfletos noutra zona de Brasília.

As várias manifestações pró e contra o afastamento de Dilma Rousseff de hoje, no Brasil e no exterior, incluindo Lisboa, ocorrem a semanas da votação final da destituição da Presidente no Senado e a dias cinco dias do Rio de Janeiro acolher os Jogos Olímpicos.