Milhares de pessoas, a maioria de origem turca, estão hoje concentradas em Colónia, no oeste da Alemanha, para contestar a tentativa de golpe militar na Turquia e manifestar apoio ao Presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

O clima de instabilidade atualmente vivido na Turquia é acompanhado com interesse na Alemanha, país que acolhe a maior comunidade turca da diáspora: 1,55 milhões de turcos, um número que ascende até aos três milhões quando contabilizados os alemães de origem turca.

Com o apoio dos estados federados vizinhos e preparada com equipamento anti-distúrbios, a polícia de Colónia destacou um dispositivo de 2.700 agentes para evitar incidentes, uma vez que também estão previstas contramanifestações convocadas por forças de esquerda e da extrema-direita para protestar contra as recentes decisões das autoridades turcas, nomeadamente de Erdogan.

Na sequência da tentativa de golpe militar, a 15 de julho, o executivo turco declarou o estado de emergência e desencadeou uma purga em diversos organismos estatais e setores da sociedade turca para localizar os alegados seguidores de Fethullah Gülen, o clérigo e opositor exilado nos Estados Unidos que Ancara acusa de ter patrocinado o golpe.

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Duas semanas depois da tentativa de golpe, o Presidente turco continua a reforçar o seu controlo do país. Cerca de 1.400 militares foram afastados hoje das forças armadas, incluindo o conselheiro militar mais próximo do chefe de Estado turco.

Erdogan anunciou no sábado que pretende controlar diretamente os serviços de informações turcos e os chefes do Estado-maior do exército.

Os organizadores da concentração de apoio a Erdogan em Colónia esperam até 50 mil participantes, enquanto a polícia local aponta para 30 mil pessoas.

Sob o lema “Sim à democracia, não ao golpe”, a iniciativa, que irá decorrer ao longo da tarde de hoje, foi convocada pela associação União dos Democratas Turcos Europeus (UETD), considerada próxima da força política do Presidente turco, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP).

Vários participantes carregavam uma faixa com uma frase de apoio ao chefe de Estado turco, “Erdogan luta pelas liberdades”, segundo o testemunho de um jornalista da agência noticiosa francesa AFP presente no local.

O ministro da Juventude e do Desporto turco, Suat Kilic, será o único representante do governo de Ancara a fazer uma intervenção, uma vez que a transmissão de um discurso de Recep Tayyip Erdogan foi proibida pelas autoridades alemãs.

A UETD tinha planeado transmitir em direto, numa grande tela, um discurso do Presidente turco, mas a polícia local decidiu proibir a iniciativa para evitar eventuais sobressaltos, decisão que foi apoiada por uma deliberação judicial.

Os organizadores contestaram a decisão da polícia até à última hora e apresentaram no sábado um recurso ao Tribunal Constitucional. A alta instância rejeitou o recurso por razões formais e considerou que a proibição não limita o direito da liberdade de expressão.

Em reação, a Presidência turca criticou firmemente a decisão do Tribunal Constitucional alemão.

“É inaceitável”, disse o porta-voz da Presidência turca, Ibrahim Kalin, num comunicado.

“Os esforços materiais e legais para impedir a realização de um evento a favor da democracia, liberdade e do Estado de Direito e contra a tentativa de golpe a 15 de julho é uma violação da liberdade de expressão e do direito de se reunir livremente”, referiu o representante, acrescentando que Ancara está curiosa “sobre as verdadeiras razões” que levaram à proibição da transmissão do discurso de Erdogan.

O porta-voz concluiu que a Turquia espera que as autoridades alemãs deem “uma explicação satisfatória”.