Homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) atacaram um posto policial no distrito de Moatize, na província de Tete, centro de Moçambique, e destruíram uma viatura, anunciou a Polícia moçambicana.

Luís Nudia, porta-voz do comando da Polícia de Tete, disse à Lusa que o grupo de atacantes abriu fogo contra agentes policiais posicionados num posto de controlo em Mboza, junto à estrada N7, a cerca de sete quilómetros da vila de Moatize, e de seguida incendiou uma viatura particular.

“O ataque dos homens armados da Renamo a um posto policial ocorreu no período das 00h30 de madrugada desta segunda-feira e há danos materiais, queimaram uma viatura que estava ai parqueada”, precisou Luís Nudia, adiantando que os polícias no local responderam aos tiros.

Este é um segundo incidente que as autoridades atribuem à Renamo em Tete em menos de uma semana, segundo o porta-voz do comando da Polícia, após uma invasão e saque de medicamentos no centro de saúde de Banga, no distrito de Tsangano.

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Nos últimos dias as autoridades moçambicanas registaram outros ataques de homens armados da oposição, nas províncias de Niassa, norte do país, e da Zambézia, centro.

No domingo, homens armados da Renamo invadiram a localidade de Maiaca, na província de Niassa, e assaltaram o centro de saúde, as instalações da polícia e a casa do administrador.

O ataque, realizado de madrugada por um grupo de 12 homens da Renamo, nove dos quais armados, foi o segundo numa semana a uma localidade no distrito de Maúa.

Na sequência do incidente, o diretor de Ordem no comando provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Niassa, João Mucuela, avançou que foram mobilizados mais agentes para reforçar a segurança na região.

Os atacantes, segundo testemunhos locais recolhidos pela Rádio Moçambique, levaram medicamentos do centro de saúde, peças de fardamento das instalações da Polícia, onde queimaram processos e outros bens, e eletrodomésticos da residência do administrador local, que ficou parcialmente destruída.

Na madrugada de sábado, um grupo de 20 homens armados da oposição invadiu a vila sede do distrito de Mopeia, província da Zambézia, e ocupou o comando da polícia durante uma hora.

Segundo Vidal Bila, administrador distrital de Mopeia, citado pela Rádio Moçambique, a normalidade voltou após a partida dos homens da Renamo, depois de um tiroteio de 45 minutos com efetivos da polícia e a fuga em pânico da população.

Os atacantes, descreveu o administrador de Mopeia, queimaram uma viatura da polícia e outra dos serviços de educação, saquearam a unidade de saúde do distrito, tendo levado medicamentos, lençóis e redes mosquiteiras.

A instabilidade militar entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, que se agravou nos últimos meses, tem tido como palco as quatro províncias do centro do país e são raros os relatos de violência política no norte.

A Renamo não reconhece os resultados das eleições gerais de 2014 e exige governar nas províncias de Sofala, Tete, Manica e Zambézia, centro de Moçambique, e também em Niassa e Nampula, no norte.

A região centro de Moçambique tem sido a mais atingida por episódios de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) revelou no sábado que, nos últimos seis meses, 108 membros da sua formação foram assassinados só em Sofala, segundo dados do partido no poder nesta província do centro do país.

As autoridades atribuem também à Renamo ataques a unidades de saúde nas últimas semanas e emboscadas nas principais estradas do centro do país, onde foram montadas escoltas militares obrigatórias em três troços de duas vias.

Apesar da frequência de casos de violência política, as duas partes voltaram ao diálogo em Maputo, mas o processo negocial foi suspenso até ao regresso dos mediadores internacionais, previsto para 8 de agosto.