Em 2011, o presidente do Turismo do Porto e Norte (TPN) tinha prometido à Invicta a melhor loja de turismo da Europa, com abertura prevista para o início do segundo semestre de 2012. Falhou a segunda parte da promessa, mas diz ter cumprido o essencial. O novo Porto Welcome Center tem 450 metros quadrados de visitas virtuais, animação 3D, mapas, uma promotora virtual e outras em carne e osso, venda de produtos regionais, bar e esplanada com carta do chef Marco Gomes. Abriu na sexta-feira, em modo soft opening.

“Não tenho dúvidas de que é o melhor”, disse esta terça-feira ao Observador Melchior Moreira, o presidente do TPN. É uma afirmação forte, mas garantiu que não a faz “por bairrismo”, preferindo destacar a utilização da tecnologia e inovação da promoção turística. “O que quisemos trazer para o Welcome Center do Porto foi uma experiência completamente nova, e permitir que sirva também de laboratório para que outras regiões nacionais e até internacionais venham aqui ver como estamos a tratar a promoção turística.”

O novo espaço fica do outro lado da estação de comboios de São Bento e tem entrada tanto pela Praça Almeida Garrett, como pela Praça das Cardosas. A ideia é que o visitante ande pela loja e consiga tirar as suas dúvidas sozinho mas, sobretudo, que descubra coisas que não encontrou na sua pesquisa prévia e que fique com vontade de visitar outras regiões do norte de Portugal. “O que estou a notar é que os turistas estão a fazer isso mesmo: entram na loja, ficam surpreendidos e quase não precisam de ir ter com as colaboradoras”, disse Melchior Moreira.

Isabel Castro, responsável pelo marketing da associação, conduziu a visita guiada pelas várias salas, onde se inclui uma videowall, onde o turista pode escrever e desenhar o que quiser sobre uma tela portuguesa e depois partilhar nas redes sociais; uma 360 graus com centenas de fotografias que podem ser ampliadas e que mostram os locais, não só do Porto, mas de toda a Região Norte a toda a volta; um playground para as crianças — “vão ser os nossos clientes de amanhã” –, um espaço dedicado aos vinhos com pesquisa assistida, em que o visitante seleciona uma garrafa ou várias castas num ecrã e as garrafas verdadeiras iluminam-se na prateleira; e ainda uma sala com vídeos 3D onde se mostram atividades disponíveis em 86 municípios.

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Porto Welcome Center (PWC)

No ecrã social, os utilizadores podem ver informações diferentes ao mesmo tempo e, depois, passá-las para o telemóvel ou e-mail através do QR Code. © Adelino Meireles / Global Imagens

No final, os jornalistas foram testar junto de uma turista se os 2,1 milhões de euros de investimento (74% foram apoios comunitários) foram bem aplicados. “Normalmente sou muito arrogante para pedir ajuda e aqui tive curiosidade de entrar”, disse Mareje Knievel. A holandesa descreveu-se como “uma miúda desta geração”, que usa Internet e wifi para procurar toda a informação. “Mesmo assim, entrei e usei [as ferramentas disponíveis]”, completou, para logo aproveitar a dificuldade que os repórteres estavam a ter em anotar o seu nome para lhes roubar uma selfie. Nâo pôde, no entanto, colocar nas redes sociais, porque o Porto Welcome Center, apesar de virado para a tecnologia, ainda não tem o wifi a funcionar.

Quando perguntámos a um rapaz e uma rapariga que já ali estavam há algum tempo o que achavam da informação disponível, disseram não poder ainda responder porque só agora iam ter com a funcionária ao balcão. Explicámos que um dos objetivos era que isso não fosse necessário. “Ah… Isso não resultou connosco“, admitiu o francês Benjamin. “Um ecrã não funcionou muito bem, aumentava e diminuía automaticamente.” A companheira, Jasmin, suíça, elogiou a mesa social, por permitir abrir várias janelas ao mesmo tempo e incentivar ao diálogo.

O espaço, que se quer autossustentável, tem quase três meses para testar e ajustar alguns aspetos, porque a inauguração oficial está marcada para o 27 de setembro, Dia Mundial do Turismo. Aberto todos os dias das 09h00 às 20h00 (fecha uma hora mais cedo nos horário de inverno), após essa hora haverá, à porta, uma promotora virtual para fornecer algumas informações. Há 24 cacifos disponíveis no interior. Nos ecrãs, não faltam sugestões de eventos culturais que estão a acontecer durante a semana, assim como sugestões de restaurantes e hotéis onde ir, com os respetivos mapas e contactos. A seleção dos estabelecimentos que aparecem nos guias interativos foi feita pelos próprios municípios, explicou ao Observador Isabel Castro.

porto welcome center esplanada

A esplanada no Pátio das Cardosas. © Sara Otto Coelho / Observador

No Pátio das Cardosas estão instaladas algumas mesas de esplanada, para quem quiser degustar os vinhos e os petiscos disponíveis dentro do bar. A carta do chef Marco Gomes foi pensada para “levar as pessoas aos territórios através das papilas gustativas” e só tem produtos do norte de Portugal. Todas as semanas, as criações do chef vão mudar. Esta terça-feira havia bola de Lamego, escabeche de lampreia e petiscos feitos com conservas portuguesas. Em permanência há torradas, tostas e tábuas de queijos com enchidos.

Enfim, aberto, mas com quatro anos de atraso. “Não foi por falta de vontade do presidente do TPN”, justificou Melchior Moreira ao Observador. “De facto temos um problema neste país, que é haver cada vez mais burocracias”. Queixa-se de problemas diários relacionados com certificados do ambiente, do impacto sonoro, da envolvente com o espaço classificado da cidade, de pareceres, etc. “A tecnologia estava pronta, mas havia sempre um problema à última da hora”. O último problema foi mais grave. O prédio ao lado está em obras e, numa das intervenções, causou a queda de algumas paredes da loja de turismo, que tiveram de ser reconstruídas.

Melchior Moreira destaca a ajuda “muito grande” que a loja pode dar ao turismo do Porto e diz que o diferendo com Rui Moreira está sanado. “Está tudo muito bem, ele vai estar aqui comigo no dia da inauguração”, disse ao Observador. Em outubro, o presidente da Câmara do Porto entrou em rota de colisão com a estratégia da entidade presidida por Melchior Moreira, e disse: “Não queremos vender o Porto pelo fumeiro e o galo de Barcelos. Esta é uma política que entendemos que possa ser muito interessante para alguns municípios, mas não para o Porto.”

O presidente do TPN adiantou ainda que está a trabalhar com o edil em alguns projetos de promoção turística, nomeadamente na área dos eventos. “Estamos já a preparar um grande evento para 2017 na cidade do Porto, cujo nome não vou dizer, que vai trazer muito retorno ao Porto e ao norte”, disse, acrescentando que é um evento que já esteve na cidade e que acabou por sair. Questionado sobre se seria o Red Bull Air Race, não confirmou nem desmentiu. “O turismo é para unir, não é para dividir.”