O ministro da Fazenda (Finanças) do Brasil, Henrique Meirelles, referiu esta quarta-feira que o país enfrenta a pior recessão desde 1901 e que a dívida já supera 70% do Produto Interno Bruto (PIB).

Falando num seminário organizado pelo banco Bradesco no Rio de Janeiro, o titular da pasta das Finanças alertou que no período de 2015 a 2106, o Brasil vai registar a pior recessão desde 1901, quando o PIB começou a ser calculado.

“A realidade objetiva é que o Brasil tem uma dívida bruta pública muito elevada para o nosso nível atual de desenvolvimento. Essa é uma realidade que fizemos questão de declarar, a realidade tal como ela é”, alertou.

Segundo o governante, a média da dívida dos países emergentes, como Brasil, é 45% do PIB.

Henrique Meirelles também considerou o défice primário, de 170,5 mil milhões de reais (40 mil milhões de euros), como “elevado”, e acrescentou: “À medida que o défice se torna real, as despesas aumentam e as receitas caem. A receita líquida tributária, que foi 15% do PIB em 2011, está em 11% hoje”.

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No entanto, lembrou que a meta do défice para o próximo ano é de 139 mil milhões de reais (38,3 mil milhões de euros), o que representa uma “queda substancial contra a tendência de aumento de défice primário nos últimos anos”.

Quanto ao défice público federal, o responsável recordou que foi encaminhado ao Congresso um projeto que define a limitação dos gastos públicos federais primários até, no máximo, o índice da inflação do ano anterior.

Segundo Henrique Meirelles, já é possível ver resultados das medidas tomadas pela atual equipa económica, nomeada pelo governo do Presidente interino Michel Temer, que assumiu funções a 12 de maio, através, por exemplo, da melhoria dos índices de confiança, que ajudam a recuperar o crescimento e a arrecadação tributária.

“Prevê-se uma certa recuperação da curva de arrecadação tributária”, disse, avisando, no entanto, que se tal não ocorrer, será necessário repensar um aumento de impostos.

O governante defendeu ainda “o controle da evolução das despesas para restabelecer a confiança, como forma de gerar investimento e emprego”.

O Brasil enfrenta uma longa recessão económica, aliada a um aumento do desemprego, que afeta 11,3% da população.