Marieke Vervoort é a campeã paralímpica dos 100 metros em cadeira de rodas e trouxe de Londres, em 2012, três medalhas. Agora, está a caminho do Rio de Janeiro, para tentar o mesmo feito nos Paralímpicos do Brasil, que decorrem de 7 a 18 de setembro. Nada mais normal, não fosse a intenção de Marieke para depois da competição: ela quer morrer.
A atleta belga, de 37 anos, sofre de uma doença degenerativa, que a paralisou da cintura para baixo, e já anunciou a sua intenção de se submeter à eutanásia — legal na Bélgica –, depois dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. A atleta revelou a intenção ao jornal Le Parisien.
O Rio é o meu último desejo. Treino muito, apesar de ter de lutar dia e noite contra a minha doença. Espero terminar a minha carreira num pódio no Rio de Janeiro”
Para Marieke, ao terminar a carreira no desporto de alta competição, acaba a sua “única razão de viver”. Teve de abandonar muitos desportos, e já só consegue fazer corridas em cadeira de rodas. “É muito difícil descobrir, ano após ano, aquilo que já não consigo fazer”, lamenta.
Marieke Vervoort já tem os papéis tratados para a eutanásia. Na Bélgica, esta forma de morrer é legal desde que três médicos deem o seu consentimento por escrito. E o funeral também já está planeado: “Quero que toda a gente tenha um copo de champanhe na mão e se lembre de mim”.

Marieke Vervoort é campeã do mundo dos 100 metros em cadeira de rodas. Venceu a prova no campeonato mundial de atletismo de Doha, Qatar, em 2015. (Imagem: Warren Little/Getty Images)
“Toda a gente me vê sorrir com a minha medalha de ouro, mas ninguém vê o lado negro. Sofro muito, às vezes durmo dez minutos por noite”, diz Marieke. E acrescenta: “É inútil queixar-me”.
A campeã paralímpica, que também é campeã do mundo desde o campeonato mundial de Doha, no Qatar, em 2015, irá participar nas provas de 100 e de 400 metros, no Rio de Janeiro. Ganhar uma medalha é ainda uma incerteza. Mas irá seguramente ficar na memória desportiva como uma lenda olímpica, que a competição manteve viva.