A fabricante aeronáutica brasileira Embraer informou esta segunda-feira que vai lançar um programa de rescisões voluntárias no Brasil e admitiu estar a estudar formas de otimização de custos nas sucursais em todo o mundo.

A empresa quer reduzir, com várias medidas, as suas despesas anuais em cerca de 200 milhões de dólares (180,4 milhões de euros), disse à agência Lusa a assessoria da gigante brasileira.

“Nesta segunda-feira, a empresa informou os seus empregados que adotará medidas para reduzir custos em todas as suas unidades e negócios em todo o mundo”, lê-se no comunicado da empresa, onde é referido o “Plano de Desligamento Voluntário (PDV) para funcionários das unidades do Brasil”.

Frisando que o plano “oferece um pacote atraente de benefícios”, a empresa esclareceu que “todas as definições relativas ao PDV estão ainda a ser estudadas e serão divulgadas ao término desse processo, que deve levar algumas semanas”.

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Em causa, justifica a gigante brasileira, está “o cenário desafiador observado no mercado aeroespacial global”, o que levou a empresa a reduzir “as suas estimativas de entregas de aeronaves e de resultados para o ano”.

A 29 de julho, a empresa informou que teve um prejuízo líquido de 337,3 milhões de reais (93,1 milhões de euros) no segundo trimestre, contrariando o resultado positivo do mesmo período do ano passado.

A assessoria da Embraer explicou à que não há previsão do número de trabalhadores a incluir no PDV, porque ele insere-se num conjunto de medidas para redução de custos que também inclui alterações nos stocks e contratos com fornecedores.

A Embraer conta com mais de 19.000 funcionários em todo o mundo, 17.000 dos quais no Brasil, segundo a assessoria.

Frisando que o programa de rescisões voluntárias “é especificamente para o Brasil”, até porque “existe uma questão de legislações diferentes”, a assessoria da empresa esclareceu que os cortes no exterior poderão passar “provavelmente por redução de stocks” e alterações em “contratos com fornecedores”.

Contudo, ao ser questionada sobre se demissões no exterior estão fora de questão, a assessoria respondeu que “está tudo sendo estudado”, ainda que neste momento o PDV seja para funcionar só no Brasil.

No sábado, num jantar com o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, em São Paulo, no Brasil, o presidente da Embraer, Paulo César de Souza e Silva, destacou a capacidade de Portugal “absorver tecnologia”, o que pesou na decisão da empresa de instalar no país o seu primeiro centro de engenharia na Europa.

Na ocasião, o presidente da construtora aeronáutica mostrou-se “muito contente” com os investimentos na OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, em Alverca, no distrito de Lisboa, e na fábrica em Évora.

“Os dois investimentos são bastante importantes para as nossas operações e vamos ter um crescimento muito importante nos próximos anos, à medida que os nossos aviões novos começarem a ser entregues a partir de 2018, a fábrica de Évora vais ser especialmente importante”, afirmou.

O investimento da empresa brasileira em Portugal é de 280 milhões de euros, nas duas unidades, tendo previsto chegar aos 400 milhões de euros em 2018.