O republicano Evan McMullin anunciou esta segunda-feira, dia 8, a sua candidatura às eleições presidenciais norte-americanas de 8 de novembro para tentar travar o candidato oficial do partido, Donald Trump, que ainda é contestado no seio dos conservadores.

“Nunca é tarde para fazer a coisa certa e a América merece muito melhor do que Donald Trump ou Hillary Clinton nos podem oferecer”, escreveu o candidato, um desconhecido ex-operacional da área de antiterrorismo da CIA, os serviços secretos norte-americanos, sem qualquer experiência política. Evan anunciou a decisão nas suas redes sociais.

Evan McMullin, de 40 anos, era até há pouco tempo um colaborador do grupo parlamentar republicano na Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso norte-americano). Um responsável do grupo parlamentar esclareceu esta segunda-feira que o ex-agente da CIA já não trabalha naquela estrutura.

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As últimas semanas têm sido particularmente difíceis para Trump, ao protagonizar uma série de polémicas e erros que fizeram aumentar o número de republicanos que duvidam das capacidades do candidato presidencial do Partido Republicano para liderar o país. Outros já expressaram o seu apoio à adversária democrata Hillary Clinton.

“Num ano em que os americanos perderam a fé nos candidatos dos dois principais partidos, é tempo de uma nova geração de líderes avançar”, afirmou Evan McMullin. “Humildemente apresento-me como um líder que pode dar aos milhões de norte-americanos descontentes uma melhor escolha para Presidente”, acrescentou.

Segundo o canal de televisão norte-americano ABC, a campanha de McMullin é apoiada por uma organização intitulada “Better for America” (“Melhor para a América”, na tradução em português), financiada por republicanos que se opõem à candidatura de Donald Trump.

A campanha de McMullin antevê-se extremamente difícil: os prazos para constar nos boletins de voto em vários dos 50 estados federais norte-americanos já passaram, o reconhecimento do ex-agente da CIA a nível nacional é inexistente e será bastante complicado rivalizar com os orçamentos de dezenas de milhões de dólares das candidaturas oficiais dos partidos Republicano e Democrata.

Donald Trump e Hillary Clinton estão entre os candidatos presidenciais mais impopulares da história norte-americana e os dois são encarados com desconfiança por grandes grupos do eleitorado. O facto de muitos eleitores – cerca de 10% em recentes sondagens – admitirem que vão escolher um terceiro candidato a 8 de novembro é um dado a ter em consideração.

Uma sondagem sobre as intenções de voto de eleitores com menos de 30 anos, citada na passada sexta-feira pelo The Washington Post, revelava que Trump era ultrapassado por outros dois nomes na corrida à Casa Branca: o ex-governador republicano do Novo México e candidato do Partido Libertário (o terceiro maior partido dos EUA) Gary Johnson e a candidata presidencial do Partido Verde Jill Stein. Segundo esta sondagem realizada pela McClatchy-Marist, o candidato republicano só garantia 9% das intenções de voto destes eleitores com menos de 30 anos, atrás de Clinton (41%), Johnson (23%) e Stein (16%).