A polémica dos atletas russos com doping continua a assombrar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A nadadora Yulia Efimova foi uma das sete que foram excluídas dos Jogos pela Federação Internacional de Natação. O Tribunal Arbitral do Desporto aceitou, contudo, um recurso da atleta, e acabou por permitir que Efimova competisse no Rio de Janeiro. O tribunal, que é a instância suprema em matéria desportiva, deslocou-se excecionalmente para o Rio de Janeiro, para analisar de perto casos de doping nos Jogos Olímpicos.
Efimova já tinha cumprido uma suspensão de 16 meses, devido a doping, e regressou às competições no início de 2015. A decisão de a suspender dos Jogos do Rio tinha vindo na sequência de um teste feito já este ano, que deu positivo para substâncias proibidas.
A polémica estalou quando Yulia Efimova terminou em primeiro lugar numa eliminatória, este domingo. No final da prova, para assinalar o facto de ter sido a primeira, imitou um gesto da nadadora americana Lilly King, que tinha levantado o dedo numa outra eliminatória para comemorar a vitória. A russa decidiu fazer o mesmo gesto, para lembrar à norte-americana que também era primeira.
Efimova foi vaiada de todas as vezes que nadou no estádio olímpico, mas as críticas mais fortes vieram mesmo das outras nadadoras — especialmente de Lilly King. “Abanas o teu dedo para dizer que és a número 1, e és apanhada a fazer batota? Não sou fã disso”, afirmou a nadadora norte-americana numa entrevista após a prova.
A polémica aqueceu os ânimos para a final da prova — 100 metros bruços –, esta segunda-feira à noite. A americana King acabou por vencer o ouro, e Efimova ficou em segundo lugar. E houve outro gesto polémico, desta vez de Lilly King. A americana, para festejar, pendurou-se nas boias que separavam o seu corredor daquele em que nadou a russa, e bateu com a mão na água, duas vezes, na faixa de Efimova.
King ainda disse que não o fez de propósito, e não cumprimentou a segunda classificada. Ainda justificou: “Penso que ela não quer receber os meus parabéns”.
Na conferência de imprensa com os medalhados, King e Efimova sentaram-se em extremos opostos da mesa, e acabou por ser a nadadora que recebeu a medalha de bronze, também norte-americana, a ocupar a cadeira central, que habitualmente é utilizada pelo vencedor.
Questionada sobre se os apupos eram para ela, Efimova, quase em lágrimas, disse estar “apenas feliz por estar nos Jogos e competir”. A dada altura, deixou de falar em inglês e começou a responder em russo, e tanto King como Katie Meili, a terceira classificada, recusaram os auscultadores que lhes permitiriam ouvir a tradução.
Outra polémica: nadadores acusam chineses de se doparem
As suspeitas de doping também afetam a natação masculina. Aqui, as acusações vão para os chineses, em particular para o nadador Sun Yang.
Camille Lacourt, vice-campeão mundial dos 100 metros costas, acusou Sun Yang de “mijar roxo”, e disse que o atleta chinês lhe dá “vontade de vomitar”. O nadador francês terminou a final dos 100 metros costas em quinto lugar, e disse que ficou “bastante zangado” depois de o chinês Xu Jiayu ter levado a medalha de prata.
Também o nadador australiano Mack Horton disse que Sun Yang é “um batoteiro”. Horton venceu a medalha de ouro nos 400 metros livres, e Yang ficou em segundo lugar.
A Federação Chinesa exigiu um pedido de desculpas, que a missão da Austrália recusou. “Não temos a intenção de pedir desculpa”, explicou o chefe da missão australiana.