A polémica dos atletas russos com doping continua a assombrar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A nadadora Yulia Efimova foi uma das sete que foram excluídas dos Jogos pela Federação Internacional de Natação. O Tribunal Arbitral do Desporto aceitou, contudo, um recurso da atleta, e acabou por permitir que Efimova competisse no Rio de Janeiro. O tribunal, que é a instância suprema em matéria desportiva, deslocou-se excecionalmente para o Rio de Janeiro, para analisar de perto casos de doping nos Jogos Olímpicos.

Efimova já tinha cumprido uma suspensão de 16 meses, devido a doping, e regressou às competições no início de 2015. A decisão de a suspender dos Jogos do Rio tinha vindo na sequência de um teste feito já este ano, que deu positivo para substâncias proibidas.

A polémica estalou quando Yulia Efimova terminou em primeiro lugar numa eliminatória, este domingo. No final da prova, para assinalar o facto de ter sido a primeira, imitou um gesto da nadadora americana Lilly King, que tinha levantado o dedo numa outra eliminatória para comemorar a vitória. A russa decidiu fazer o mesmo gesto, para lembrar à norte-americana que também era primeira.

INDIANAPOLIS, IN - DECEMBER 12: Yuliya Efimova of Russia reacts after winning the Women's 100m Breaststroke during day two of the Mutual of Omaha Duel in the Pool at Indiana University Natatorium on December 12, 2015 in Indianapolis, Indiana. (Photo by Kevin C. Cox/Getty Images)

Yuliya Efimova agitou o dedo no final de uma eliminatória, no domingo. (Kevin C. Cox/Getty Images)

Efimova foi vaiada de todas as vezes que nadou no estádio olímpico, mas as críticas mais fortes vieram mesmo das outras nadadoras — especialmente de Lilly King. “Abanas o teu dedo para dizer que és a número 1, e és apanhada a fazer batota? Não sou fã disso”, afirmou a nadadora norte-americana numa entrevista após a prova.

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A polémica aqueceu os ânimos para a final da prova — 100 metros bruços –, esta segunda-feira à noite. A americana King acabou por vencer o ouro, e Efimova ficou em segundo lugar. E houve outro gesto polémico, desta vez de Lilly King. A americana, para festejar, pendurou-se nas boias que separavam o seu corredor daquele em que nadou a russa, e bateu com a mão na água, duas vezes, na faixa de Efimova.

King ainda disse que não o fez de propósito, e não cumprimentou a segunda classificada. Ainda justificou: “Penso que ela não quer receber os meus parabéns”.

USA's Lilly King celebrates after she broke the Olympic record to win the Women's 100m Breaststroke Final during the swimming event at the Rio 2016 Olympic Games at the Olympic Aquatics Stadium in Rio de Janeiro on August 8, 2016. / AFP / Odd Andersen (Photo credit should read ODD ANDERSEN/AFP/Getty Images)

Lilly King celebrou assim a vitória na final dos 100 metros bruços. (ODD ANDERSEN/AFP/Getty Images)

Na conferência de imprensa com os medalhados, King e Efimova sentaram-se em extremos opostos da mesa, e acabou por ser a nadadora que recebeu a medalha de bronze, também norte-americana, a ocupar a cadeira central, que habitualmente é utilizada pelo vencedor.

Questionada sobre se os apupos eram para ela, Efimova, quase em lágrimas, disse estar “apenas feliz por estar nos Jogos e competir”. A dada altura, deixou de falar em inglês e começou a responder em russo, e tanto King como Katie Meili, a terceira classificada, recusaram os auscultadores que lhes permitiriam ouvir a tradução.

Outra polémica: nadadores acusam chineses de se doparem

As suspeitas de doping também afetam a natação masculina. Aqui, as acusações vão para os chineses, em particular para o nadador Sun Yang.

Camille Lacourt, vice-campeão mundial dos 100 metros costas, acusou Sun Yang de “mijar roxo”, e disse que o atleta chinês lhe dá “vontade de vomitar”. O nadador francês terminou a final dos 100 metros costas em quinto lugar, e disse que ficou “bastante zangado” depois de o chinês Xu Jiayu ter levado a medalha de prata.

Também o nadador australiano Mack Horton disse que Sun Yang é “um batoteiro”. Horton venceu a medalha de ouro nos 400 metros livres, e Yang ficou em segundo lugar.

A Federação Chinesa exigiu um pedido de desculpas, que a missão da Austrália recusou. “Não temos a intenção de pedir desculpa”, explicou o chefe da missão australiana.