Depois da semana horribilis que levou Donald Trump a perder terreno nas sondagens, o candidato Republicano à Casa Branca está envolvido em mais uma controvérsia. Trump está a ser acusado de, num discurso sobre a Constituição e o sistema judicial, ter deixado implícito que os defensores dos direitos à posse de armas “podem fazer algo” em relação a Hillary Clinton se ela, afirma Trump, “insistir que quer escolher os seus próprios juízes”. A campanha de Trump negou que tenha sido um incitamento ao assassinato da candidata Democrata e o próprio empresário já foi à Fox News “clarificar” a declaração.

As palavras exatas de Donald Trump foram estas: “Hillary quer abolir, essencialmente abolir a Segunda Emenda. Se ela obtiver o direito de nomear os juízes que ela quiser, não há nada que vocês possam fazer, malta. Ainda que, para as pessoas da Segunda Emenda, talvez haja alguma coisa a fazer, não sei. Mas digo-vos uma coisa, esse será um dia terrível, o dia em que Hillary consegue lá colocar os juízes dela”.

Eis um vídeo da Associated Press que inclui a frase de Donald Trump.

A controvérsia avolumou-se rapidamente, já que a alusão às “pessoas da Segunda Emenda” costuma ser uma alusão direta a quem defende o direito à posse de armas de fogo. Discutivelmente, a declaração de Trump deixa implícito que essas pessoas podem, eventualmente através das armas, fazer algo para impedir as alegadas intenções de Clinton de, segundo Trump, acabar com a Segunda Emenda. Foi assim que a declaração foi lida, incluindo pela plateia para a qual Trump falava (ver a reação do homem de barba branca, camisola vermelha, à direita na imagem).

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A campanha de Trump apressou-se a desmentir que tenha havido um incitamento ao assassinato de Hillary Clinton mas o próprio Trump acabaria, ainda na noite de terça-feira, por ir à Fox News dar explicações.

“Ninguém naquela sala ouviu outra coisa que não aquilo que acaba de dizer”, afirmou Donald Trump, dirigindo-se ao pivô Sean Hannity, da Fox, que ao dar a palavra a Trump dizia que “os media” estavam a colocar palavras na boca de Trump e que este apenas tinha sugerido o voto em Trump para evitar que Hillary Clinton suba ao poder.

A Segunda Emenda “é um movimento político forte. Hillary quer tirar-vos as armas, quer deixar-vos desprotegidos nas vossas casas, este é um movimento político tremendo [a defesa da Segunda Emenda]”. Trump lembrou que a NRA (National Rifle Association), uma associação que defende o direito à posse de armas, recomendou o voto em Trump.

O candidato Republicano diz que “não pode haver qualquer outra interpretação” daquilo que disse, que não que estava a pedir o voto das pessoas que se identificam com a defesa da Segunda Emenda constitucional e do direito à posse de armas. A quem acha que Trump queria dizer outra coisa, o candidato republicano diz que são “gente desonesta”.

A campanha Democrata lançou fortes críticas a Trump e quem, também, não gostou de ouvir a declaração foi um Senador do Connecticut, onde ocorreu o tiroteio na escola de Sandy Hook em 2012. Chris Murphy pediu para que “não se trate isto como uma gaffe política. É uma ameaça de assassínio, que aumenta gravemente o risco de uma tragédia nacional”