As declarações de Peter Dutton surgem um dia depois de terem sido divulgados mais de 2.000 relatórios de incidentes que detalham casos de violência sexual e ameaças contra mulheres e autoagressões entre os imigrantes detidos no centro de Nauru.

“Foi informado de que alguns incidentes contêm falsas acusações de agressão sexual, porque, no final, estas pessoas pagaram a contrabandistas para vir para o nosso país (…). Algumas pessoas inclusivamente chegaram ao extremo da automutilação para chegar à Austrália”, disse Dutton à rádio 2 GB.

O ministro disse ainda que as denúncias devem ser investigadas pelas autoridades de Nauru.

Os documentos publicados na quarta-feira pela edição australiana do diário The Guardian, detalham abusos e traumas em crianças e mulheres detidas no centro para imigrantes que a Austrália detém na vizinha república de Nauru. Os documentos descrevem numerosos casos de agressões sexuais, em especial contra jovens prisioneiras, perpetradas por guardas, outros prisioneiros ou cidadãos locais.

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Mais de uma centena de relatórios, segundo a fonte, descrevem casos de automutilações entre os detidos, incluindo tentativas de suicídio. Os “relatórios de incidentes” agora conhecidos foram escritos entre maio de 2013 e outubro de 2015 por empregados das empresas que administram os centros.

A Austrália reativou em 2012 a sua política para a tramitação em países terceiros dos pedidos de imigrantes que viajam para a Austrália em busca de asilo e acordou a abertura de centros de detenção na Papua Nova Guiné e Nauru.

Num relatório recente, a Human Right Watch (HRW) e a Amnistia Internacional (AI) denunciaram que cerca de 1.200 requerentes de asilo, incluindo mulheres e crianças, que foram transferidos pela Austrália para Nauru são vítimas de abusos graves, maus tratos e negligência.

Muitos dos imigrantes que as autoridades australianas intercetam fugiram de conflitos como os de Afeganistão, Darfur, Paquistão, Somália e Síria e outros escaparam da discriminação ou da condição de apátridas, como as minorias rohinya, da Birmânia, ou bidun, da região do Golfo.