O presidente da associação dos clientes lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) disse hoje que o Governo deu ‘luz verde’ à solução que permitirá devolver parte do dinheiro perdido por aqueles clientes.

Ricardo Ângelo deu esta informação aos jornalistas após uma reunião em Lisboa entre representantes da associação, da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), do Banco de Portugal e do Governo (o advogado Diogo Lacerda Machado e Nuno Martins, pelo Ministério das Finanças).

Durante a reunião, que começou às 10h00 e terminou pelas 12h30, cerca de 40 clientes lesados que compraram papel comercial aos balcões do BES, poucos meses antes da queda do banco e do grupo, em agosto de 2014, concentraram-se junto às instalações do Banco de Portugal, aguardando o desfecho do encontro.

No final, estes clientes manifestaram-se satisfeitos com o aval do Governo ao mecanismo que os compensará parcialmente das perdas sofridas, mas cautelosos, uma vez que a materialização da solução ainda será demorada.

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O presidente da associação admitiu que é complexo o processo de constituição de um fundo de indemnizações e que ainda haverá muitas reuniões, mas mostrou-se confiante: “Já não há volta atrás”.

Cerca de 2.000 clientes de retalho reclamam os 432 milhões de euros que investiram em papel comercial das empresas Espírito Santo International e Rioforte, do GES, vendidos aos balcões do BES meses antes da falência do grupo.

A solução para estes clientes lesados começou a ser trabalhada em março, com a criação de um grupo de trabalho, depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter chamado a si este processo, considerando que a resolução deste problema é fundamental para a estabilidade do sistema financeiro.

Finanças dizem que solução para lesados não pode ter impacto no défice

As Finanças disseram contudo que a solução que for encontrada para os lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo não pode ter impacto no défice orçamental e que está por definir o mecanismo que poderá minimizar as perdas sofridas.

“Houve progressos e terão lugar novas reuniões em breve. Estamos a trabalhar numa solução que não tenha impacto no défice”, disse fonte oficial do Ministério das Finanças à Lusa.

A informação das Finanças é, assim, mais cautelosa do que a hoje anunciada pelo presidente da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC), que disse que o Governo deu ‘luz verde’ à solução que permitirá devolver parte do dinheiro perdido por aqueles clientes, após a reunião desta manhã entre representantes da associação, da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), do Banco de Portugal e do Governo.