O primeiro-ministro português vai deslocar-se à Índia em janeiro de 2017 para uma visita oficial que deverá passar por Goa e Bangalore, cidade do sul do país.

A informação foi avançada pelo cônsul Geral de Portugal em Goa, citado pela PTI, agência de notícias indiana, à margem das celebrações do Dia da Independência. “O primeiro-ministro português vai visitar a Índia em janeiro (2017). António Costa tem origem goesa. Vamos ter o prazer de o ter aqui”, lembrou Rui Bacieira.

Em março, o ministro-chefe de Goa, Laxmikant Parsekar, já tinha dado conta que ia convidar António Costa a visitar a região, como lembra a mesma agência de notícias indianas.

De recordar que António Costa, nascido em Lisboa a 17 de julho de 1961, é filho da jornalista Maria Antónia Palla, criada no seio de uma família portuguesa com origens no Seixal, e de Orlando Costa, filho de uma família goesa, brâmane e católica de Margão, território que foi integrado na Índia em 1961, com a anexação das possessões portuguesas Goa, Damão e Diu.

Quando António Costa venceu as eleições primárias socialistas, a vitória do “Gandi de Lisboa” ou de “Babush”, como era carinhosamente tratado pela mãe, foi assinalada por vários jornais indianos.

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O destaque da imprensa indiana repetiu-se em 2015, quando António Costa tomou posse como primeiro-ministro português. O jornal The Times of India, por exemplo, assinalou esse momento com um longo artigo intitulado “Viva Costa, homem de Goa em Portugal” (“Viva Costa, Goa’s man in Portugal“, no original).

Também Narendra Modi, primeiro-ministro indiano, aproveitou o momento para dar os parabéns a António Costa, prometendo trabalhar para reforçar as relações bilaterais com o Governo português.

Esta viagem será, assim, uma oportunidade para António Costa revisitar as suas origens. A primeira vez que visitou a Índia, o agora primeiro-ministro tinha apenas 17 anos. Fê-lo na companhia do pai, Orlando Costa, do irmão, Ricardo Costa, e da nova companheira do pai, Inácia Martins Ramalho de Paiva.

Em 2014, em entrevista ao jornal Público, António Costa falava abertamente sobre as suas origens, garantindo nunca se ter sentido “discriminado” ou limitado pela cor da pele. “Pessoalmente, nunca senti. Posso ter ouvido uma ou outra vez chamarem-me ‘monhé’, mas é episódico”, disse então, antes de acrescentar que sempre viveu as suas origens goesas com “normalidade”. “Também não era motivo de orgulho”, explicava o socialista.

Nessa mesma entrevista, António Costa falava sobre o destaque dado na Índia às suas vitórias. “Na Índia o assunto é notícia porque há atualmente uma nova atitude em relação aos goeses”, explicava o secretário-geral do PS. “Há uma coisa nova, os indianos têm uma relação mais descomplexada com os goeses e Goa já tem governos hindus. [Há um novo interesse] sobretudo em relação aos goeses que tinham vindo para Portugal, que eram mal vistos, havia uma barreira contra os goeses em geral, porque consideravam que eles estavam feitos com os colonialistas”, apontava o socialista.