O jogo de Bruna Lombardi é este: “superar os obstáculos e dificuldades” e encontrar a simplicidade de ser e estar feliz. Ainda durante o mês de julho, a Esfera dos Livros publicou em Portugal o livro “Jogo da Felicidade”. A escritora e atriz brasileira, de 63 anos, apresenta, em 21 capítulos, mensagens de um “oráculo moderno”.
A energia positiva parece ser uma parte importante do dia-a-dia de Bruna Lombardi: nas redes sociais e no portal Rede Felicidade aconselha os seguidores e leitores a não baixarem os braços perante os desafios e as dificuldades.
Nada de deixar os problemas pesarem.
Vamos buscar sempre a leveza e a simplicidade.
Porque no fim dá tudo certo.— Bruna Lombardi (@brunalombardi) February 27, 2016
Como a própria autora afirma “as páginas podem ser consultadas ao acaso”. Com centenas de mensagens espalhadas por todo o livro, o Observador tentou perceber se algumas personalidades portuguesas acertariam nos pensamentos do “Jogo da Felicidade”. As regras são simples: duas frases eram ditas aos “concorrentes”, a primeira constava do livro e a segunda não. A seguir à escolha, tinham de fazer um comentário à frase eleita. Aqui ficam as respostas.
José Eduardo Agualusa (escritor)
As paixões são sempre intensas e valem a pena mesmo que magoem.
ou
As mágoas são sempre apaixonantes e valem a pena mesmo que intensas.
Resposta: “É a primeira que está correta. Mas é uma repetição, porque uma paixão é sempre intensa por natureza.”
Francisco José Viegas (escritor e editor literário)
Sabe o que lhe falta? Ter sempre a certeza de que lhe não falta nada.
ou
Sabe o que lhe falta? Ter sempre a certeza de que lhe falta tudo.
Resposta: “Estão as duas erradas. As frases não querem dizer nada. Não concordo com nenhuma delas. Porque da mesma forma que as duas podem estar corretas, o contrário também pode estar certo.”
Tiago R. Santos (argumentista e realizador)
Um sonho tem que nos desafiar a ir onde nunca fomos, a fazer o que nunca fizemos.
ou
Um desafio tem que nos fazer sonhar a ir onde nunca fomos, a fazer o que nunca fizemos.
Resposta: “É a primeira. Essa frase provavelmente já foi dita e publicada. Não é uma frase estranha, já foi escutada. Todos conhecemos variações dessa frase, todos os dias milhares são publicadas nas redes sociais. A frase é um elogio à banalidade. É uma constatação, obviamente um sonho tem de nos desafiar, caso contrário não seria um sonho. Suponho que seja um livro de autoajuda, que transmite a ideia que ser feliz é fácil. Acabam por ser livros oportunistas, que pretendem um contacto fácil com o leitor.”
Quim Albergaria (músico)
Felicidade não é uma coisa que a vida lhe traz. Felicidade é uma coisa que você traz na vida.
ou
Felicidade não é uma coisa que você traz na vida. Felicidade é uma coisa que a vida lhe traz.
Resposta: “Acho que é a primeira. A felicidade é uma coisa ilusória. Concordo com a primeira, porque a vida não nos considera. Ser feliz é uma escolha — podemos escolher encará-la de maneira mais otimista ou de uma forma mais escura — depende da perspetiva como encaramos todos os aspetos. Podemos escolher ser cínicos ou não, porque mais uma vez, a vida não nos considera.”
Ana Garcia Martins (blogger “A Pipoca Mais Doce”)
Não tente ser normal, seja tudo o que pode ser. Seja maravilhosamente fora dos padrões.
ou
Não tente ser maravilhoso, seja tudo o que pode ser. Seja forte fora dos padrões.
Resposta: “Não concordo a 100 % com nenhuma. Acho que a primeira é a frase que está no livro. Ambas têm lacunas. A primeira tem uma visão muito esotérica, é pouco praticável no dia-a-dia. A ideia de podermos ser quem nós quisermos é muito bonita, mas depois crescemos e estamos restritos a normas e a padrões. Aos 15 anos faz todo o sentido, mas na vida adulta não é bem assim. A frase é muito romântica e provavelmente, encaixaria muito bem num livro do género. Embora, não concordando totalmente, revejo-me mais na segunda — não é um apelo à normalidade e não nos incentiva a ser maravilhosos. A perfeição é algo inatingível.”
Marta Crawford (sexóloga)
A sua mente cria o mapa. O seu coração indica o caminho.
ou
O seu coração cria o mapa. A sua mente indica o caminho.
Resposta: “Concordo com as duas, mas acho que a primeira é a correta. Tudo depende se as nossas decisões são baseadas mais no lado emocional ou racional. A nossa felicidade não é totalmente definida pelo coração ou pela cabeça. É necessário haver um equilíbrio.”