Os EUA terão transferido da Turquia para a Roménia mais de vinte ogivas nucleares, de acordo com a informação é avançada pelo portal europeu Euractiv, citando fontes anónimas. A retirada do armamento da Turquia surge num ambiente de deterioração das relações entre Washington e Ancara desde a tentativa de golpe de Estado, e terá sido uma tarefa muito difícil em termos técnicos. “Não é fácil transportar mais de 20 ogivas nucleares”, diz a mesma fonte.

Um estudo do Stimson Center, citado pelo Euractiv, concluiu que os EUA mantinham até agora cerca de 50 armamento ogivas nucleares em posição, na base aérea de Incirlik, perto da fronteira turca com a Síria.

A base foi fortemente afetada pela tentativa de golpe de estado de 15 de julho deste ano. Nessa altura, o governo turco cortou a eletricidade à base e proibiu os voos de aviões americanos, e o comandante da base foi detido por relações com o golpe.

O Stimson Center, organização não-governamental que estuda as relações internacionais, alertou também esta semana para a possibilidade de as armas nucleares na Turquia estarem em risco de ser capturadas pelos terroristas. “Estas armas tem zero utilidade na Europa atual e são mais uma fraqueza do que um ativo para os aliados da NATO”, explica o relatório.

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Um porta-voz do ministro dos negócios estrangeiros da Roménia já veio negar a informação. Ao jornalista do Euractiv, o representante explicou, por escrito: “Em resposta à sua questão, o ministro dos negócios estrangeiros romeno nega a informação a que se refere”. Certo é que, tradicionalmente, as informações divulgadas sobre a presença de armas nucleares em territórios europeus nunca foram oficialmente confirmadas. Apesar disso, é do conhecimento público que Bélgica, Holanda, Alemanha e Itália têm nos seus territórios armamento nuclear dos Estados Unidos.

Já o Departamento de Estado dos EUA responsável pelas relações com o estrangeiro, diz que o assunto deve ser discutido com o Departamento da Defesa, que não prestou, até ao momento, esclarecimentos sobre o assunto.

Em reação a estas informações, a NATO limitou-se a repetir o que já tinha dito em Varsóvia: “Os países aliados garantem que todos os componentes do armamento nuclear da NATO permanecem seguros e efetivos”, disse um representante ao Euractiv.

A relação entre a Turquia e os EUA está particularmente crispada desde a tentativa de golpe de Estado. O governo turco acredita que Washington está a proteger Fethullah Gülen, um clérigo exilado nos EUA, acusado agora por Ancara de ter estado por trás da tentativa de golpe. A Turquia exige a extradição de Gülen, assunto que deverá ser discutido no dia 24 de agosto, quando o vice-presidente americano, Joe Biden, visitar o país.