Usain Bold deve gostar do número três. Esta quinta-feira, no Rio de Janeiro, tornou-se tricampeão olímpico nos 200 metros, após as conquistas em Pequim 2008 e Londres 2012. Este foi o segundo título do jamaicano nestes Jogos Olímpicos, na sequência da vitória nos 100 metros, este domingo, que também o tornou tricampeão da modalidade. No sábado, terá a oportunidade de ser tricampeão pela terceira vez, caso vença as estafetas 4×100 metros.

Na matemática da noite, foram 19,79 segundos de glória olímpica. O jamaicano partiu bem, ao contrário do que ocorreu nas meias-finais, e na curva já estava a ganhar espaço sobre os adversários. Sim, esta era uma corrida de Bolt contra as suas ambições. Antes de chegar ao Brasil, havia declarado que o seu objetivo era quebrar o recorde mundial de 19,19 segundos, estabelecido por si próprio, em 2009. No chegada à meta, sensações ambíguas: vitória para o atleta Bolt, que havia conseguido a sua oitava medalha de ouro olímpica; derrota para o mito Bolt, que não escreveu o seu nome na história olímpica da maneira como lhe apetecia.

Ao terminar a corrida, estava visivelmente aborrecido. Batia os braços na perna e olhava para baixo, num comportamento pouco comum parra o Lightning Bolt. Apenas quando o canadiano Andre De Grasse, segundo colocado na prova, o cumprimentou, as coisas começaram a mudar. O jamaicano olhou para cima e ouviu os gritos do Estádio Olímpico Engenhão. Repetiu o “The Silencer”, espécie de “dança de comemoração” utilizada pelo jogador de basquetebol LeBron James em que erguia os joelhos, baixava os braços e batia no peito. O jamaicano, finalmente, olhou para a câmara ao seu lado e gritou: “Number One”. Usain Bolt finalmente tinha-se dado conta de que é — de novo — o homem mais rápido do mundo.

Após a vitória, Usain Bolt ajoelhou-se, beijou a pista seis, onde havia corrido, e faz o gesto de raio que o consagrou. Sabia que aquele era um momento histórico. Com o Estágio Olímpico a gritar o seu nome, deu uma volta olímpica com a bandeira do Brasil nas suas costas. Teve ainda tempo para tirar uma selfie com os seus aficionados.

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Em entrevista a jornalistas, Bolt disse que fez o seu melhor na corrida. “Concentro-me no que preciso fazer porque se não o fizer, não haverá um Usain Bolt. O fato de que vim aqui e tudo funcionou é uma sensação fantástica”, comemorou, citado pelo The Guardian. O jamaicano acredita, no entanto, que está a ficar melhor.

Corri duro na curva. Na reta, meu corpo não respondeu. Estou a ficar velho. Não sou tão novo e fresco, mas estou feliz que consegui o ouro e isto é o mais importante”.

Bolt tem 29 anos. Este domingo, fará 30. Questionado sobre se esta era a última vez que competiria nos 200 metros em Jogos Olímpicos, o jamaicano não soube responder. “Não sei. Eu disse que chegaria ao Campeonato [Mundial de Atletismo] em Londres no próximo ano, faria os 100 metros e pronto. O meu treinador tem um jeito para convencer-me, mas pessoalmente acredito que esta é última [vez]”, assegurou.

Ah, é verdade, houve também o resto da corrida. O canadiano Andre de Grasse chegou em segundo lugar com uma marca de 20,02 segundos. Na meia-final, trocou sorrisos com Bolt na chegada, desta vez apenas um reconhecimento posterior à corrida. O francês Christophe Lemaitre surpreendeu e terminou em terceiro, apesar de ter registado a marca de 20,12 segundos, o mesmo tempo de Adam Gemili, da Grã-Bretanha. O desempate veio no “photo finish”, que deu uma ligeira vantagem de três milésimos para o francês.