A UNICEF pede o “fim imediato do recrutamento de crianças e a sua libertação incondicional por parte dos agentes armados” do Sudão do Sul. Desde o início do ano, foram recrutadas mais de 650 crianças e a organização receia que o reacender do conflito na região coloque dezenas de milhares de crianças em risco, de acordo com o comunicado divulgado nesta quinta-feira.

A crise no Sudão do Sul começou em dezembro de 2013 e estima-se que os grupos armados do país já tenham recrutado cerca de 16 mil crianças. Apesar de ter havido um compromisso político para pôr fim a esta prática, a UNICEF afirma que as crianças continuam a ser recrutadas e usadas para combater.

“O que todos nós tínhamos sonhado para as crianças deste jovem país tornou-se num pesadelo”, afirmou Justin Forsyth, adjunto do diretor executivo da UNICEF, acrescentando que “no atual período extremamente precário da breve história do Sudão do Sul, a UNICEF teme que possa estar iminente um aumento exponencial do recrutamento de crianças iminente”. As declarações foram proferidas no regresso de uma deslocação a Bentiu e Juba, no Sudão do Sul.

Em 2015, a UNICEF supervisionou aquela que foi considerada “a maior desmobilização de crianças de sempre” – 1.777 crianças-soldado que foram libertadas. Contudo, o reacender do conflito não coloca um ponto final no recrutamento das crianças e as violações continuam a aumentar.

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As crianças continuam a sofrer provações tremendas. Os relatórios recentes dão conta de violência sexual generalizada contra raparigas e mulheres. O uso sistemático da violação, da exploração sexual e do rapto como arma de guerra no Sudão do Sul tem de acabar, bem como a impunidade de todos os seus autores”, afirmou Forsyth.

O acesso de todas as intervenções humanitárias em Juba e noutras zonas do país é urgente para prestar apoio, proteção e assistência às crianças e mulheres, afirmou o Fundo das Nações Unidas para a Infância. “Sem um setor humanitário totalmente operacional, as consequências para as crianças e suas famílias serão catastróficas, disse Forsyth.

Desde que o conflito começou, em 2013, cerca de 900 mil crianças foram forçadas a deslocar-se no interior do país e mais de 13 mil estão desaparecidas, foram separadas das famílias ou estão sozinhas. Cerca de 250 mil crianças estão subnutridas.

A UNICEF promove os direitos e bem-estar das crianças no mundo, trabalhando em 190 países. No Sudão do Sul, reporta e monitoriza violações graves dos direitos das crianças no âmbito de um Grupo de Trabalho das Nações Unidas – Monitoring and Reporting Mechanism (MRM), documentando seis abusos cometidos contra crianças: recrutamento por forças e grupos armados, assassínio e mutilação, ataques contra escolas e hospitais, violação e outras formas de violência sexual, rapto e impedimento do acesso humanitário.