A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição angolana, repudiou nesta sexta-feira nos “termos mais enérgicos” a posição assumida em Angola por Rui Fernandes do Partido Comunista Português (PCP). A reação da UNITA surge na sequência de uma referência que fez àquele partido na sua mensagem ao VII congresso ordinário do MPLA, partido no poder, que decorre em Luanda desde quarta-feira e termina no sábado.

A mensagem do PCP lembrava que aquele partido foi sempre solidário com Angola “na sua luta pelo fim do colonialismo português, pelo fim da agressão do ‘apartheid’ da África do Sul, pelo fim da ingerência do imperialismo e da ação criminosa da UNITA, pela conquista da paz e pela reconstrução do país”.

Em comunicado, a UNITA lembrou que foi o PCP que “arquitetou a violação dos Acordos de Alvor, celebrados entre Portugal, então potência colonial, e os três movimentos de libertação nacional de Angola, ocasionando o fracasso do processo de descolonização de Angola e dando origem à guerra civil que devastou o país por longos anos”.

O documento acrescenta que num ato de coragem e maturidade patrióticas, os irmãos angolanos antes desavindos assumiram a responsabilidade histórica de pôr fim ao conflito que os opunha, proporcionando ao país e ao seu povo a oportunidade de viver em paz e reconciliados.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O maior partido da oposição angolana sublinha que é parte signatária dos Acordos de Bicesse, celebrados com o Governo de Angola, em maio de 1991, que abriu caminho ao multipartidarismo, além do Protocolo de Lusaca e do Memorando de Entendimento do Luena, que puseram fim à guerra civil angolana.

A UNITA entende que as declarações de Rui Fernandes em relação ao seu partido, que “procura com muito sacrifício manter e consolidar a paz e o espírito de reconciliação nacional, são uma ingerência inaceitável nos assuntos internos de um país independente, bem como um atentado à soberania e uma posição instigadora de novos conflitos”.

A terminar, a UNITA reitera o seu posicionamento favorável à manutenção das boas relações de amizade, irmandade e cooperação com o povo português e com as suas instituições democráticas. “A UNITA não tolerará nunca que agentes do mal, que estiveram na base do conflito que dividiu os angolanos procurem, outra vez, semear discórdia, inviabilizando a felicidade e o bem-estar da maioria dos angolanos”, lê-se no documento.

Na sua mensagem, o PCP manifestou-se solidário com o MPLA na defesa da soberania, da integridade territorial, da unidade e independência do país, da paz, dos direitos e do progresso social do povo angolano, rejeitando operações de desestabilização contra Angola, considerando que cabe ao povo angolano decidir soberanamente do seu presente e futuro liberto de quaisquer ingerências externas.