Soube a pouco, mas a consciência estava tranquila. Afinal, foram três finais olímpicas para a canoagem. Sacrificaram o que tinham a sacrificar, prepararam tudo como queriam, não deu para mais. É assim que os portugueses resumem a sua participação após a final de K4 1000m, na qual terminaram em sexto lugar, a pouco mais de cinco segundos da medalha de ouro, que acabou nos pescoços da equipa alemã. O palco foi a Lagoa Rodrigo de Freitas.

Portugal, com Fernando Pimenta, Emanuel Silva, João Ribeiro e David Fernandes, arrancou bem e concluiu os primeiros 250 metros na quarta posição (44.38s). A meio da prova já tinham caído para sexto lugar (1:32.19). Era curioso reparar que no início todas as equipas registavam velocidades a rondar os 23, 22 quilómetros por hora. A partir da metade esse número caiu para 17, 18, 19 km/h.

Os alemães nunca sairiam da liderança, acabando por ganhar mais de cinco segundos aos portugueses. O K4 lusitano mantinha o sexto lugar quando chegou aos 750 metros (2:20.65) — aqui já estava a quatro segundos dos germânicos. A Eslováquia e a República Checa iam completando o pódio — acabaria tudo assim. Portugal fecharia a última atuação em águas cariocas em 3:07.482, a 5.339 segundos dos alemães.

“Correu como tinha de acontecer. O destino estava traçado. O destino está traçado para tudo na vida, só não sabíamos qual seria o resultado”, começou por dizer aos jornalistas Emanuel Silva. “Simplesmente sabíamos que íamos fazer uma grande prova. Não foi o suficiente para chegar à tão desejada medalha, mas estamos de consciência tranquila, demos o nosso melhor.”

O dever está cumprido, dizem os quatro. “Quatro atletas, e conseguimos três finais olímpicas. São três finais olímpicas. Temos todos diploma, lutámos de início ao fim, só temos de estar otimistas. Foi uma semana intensa de provas, todos os dias a disputar eliminatórias, semifinais e finais. Há que ter a consciência tranquila. Amanhã começa novo ciclo olímpico de quatro anos. É continuar com a mesma ambição e mesma garra”, acrescenta Emanuel Silva.

o desfecho da final dos portugueses (K4 1000m). sexto lugar, a 5.3 segundos dos alemães ????????????????#Rio2016 pic.twitter.com/uPjfVhCfV4

— Hugo Tavares da Silva (@TabarezH) August 20, 2016

Fernando Pimenta estava animado, tranquilo com o desempenho e deixou uma palavra para o ambiente vivido entre atletas portugueses na Aldeia Olímpica. “Cada prova é uma prova. Isto é desporto”, começou por dizer o homem que ficou em quinto lugar no K1 e que ganhou, com Emanuel Silva, uma medalha de prata em K2, em 2012. “O nível da canoagem está muito elevado. Os eslovacos, campeões do mundo, a Hungria, vice-campeões olímpicos, ficaram fora da final. Nós estivemos nas finais, viemos dar o nosso máximo. Temos de sair daqui de consciência tranquila.”

E assegurou: “Se voltasse ao início do ciclo olímpico para o Rio 2016, voltava a fazer tudo igual. Foi tudo muito bem feito, tudo muito bem preparado. Chegámos aqui na melhor forma. Sacrifiquei muito. Mas não podíamos fazer mais. Agradeço às pessoas que nos têm apoiado”. Pimenta deixou ainda uma palavra ao bom ambiente vivido entre a comitiva portuguesa. “As amizades que criamos com outros atletas, para mim, vale tudo.”

David Fernandes e João Ribeiro estrearam-se em Jogos Olímpicos e também eles estavam satisfeitos com o seu trabalho. “Sensação de dever cumprido”, diz Fernandes. “Se formos analisar este K4, neste ciclo olímpico, o sétimo lugar foi o pior resultado destes quatro anos. Se viermos a pedir medalhas… Não são fáceis de ganhar. Nós tentámos, fizemos tudo por tudo, os adversários foram mais fortes. Temos de estar satisfeitos.”

CANOAGEM: K4 1000 português em sexto lugar na final. Mais um diploma olímpico para a comitiva portuguesa. pic.twitter.com/2t0hAhKEVB

— COP (@COPPORTUGAL) August 20, 2016

João Ribeiro seguiu na mesma toada: “Fizemos tudo para conquistar uma medalha, mais uma vez não foi possível. Demos tudo por tudo. Sentimo-nos muito apoiados durante estes dias. Trabalhámos na máxima força, correu tudo muito bem. Faltou mais um bocadito. Os adversários foram mais fortes. É só sair de consciência tranquila.”

E terminou, tocando na ferida e ao mesmo tempo sarando-a. “Nós, como todos os portugueses, pedimos medalhas. É normal. Mas amanhã certamente vamos acordar e ver que um quarto, um quinto e um sexto lugar são super positivos. Foram grandes resultados. Estamos nos Jogos Olímpicos.”