Em teoria, esta era a única prova que Usain Bolt não dependia de si para ser o melhor. Em teoria. Não há dúvidas de que Asafa Powell, Yohan Blake e Nickel Ashmade esforçaram-se para fazer a sua parte para a equipa jamaicana, mas foi o atleta quem garantiu a sua entrada definitiva na história do Atletismo. Três vezes medalha de ouro nas estafetas 4×100 metros, terceira medalha de ouro no Rio de Janeiro e terceiro triplete em Jogos Olímpicos.

A equipa jamaicana partiu da pista 4. Já na primeira entrega de bastão, os Estados Unidos pareciam destinados a impedir a vitória de Bolt. Yohan Blake tentou compensar na segunda passagem, mas na penúltima entrega ainda não dava para parecer claramente que se a Jamaica poderia vencer a corrida. Então veio Usain Bolt. O atleta recebeu o bastão quase parado, com americanos e japoneses a correr a seu lado. Foram necessários quatro segundos para que pudesse afastar-se dos competidores, abrir vantagem e garantir a vitória da equipa jamaicana no Rio de Janeiro. O jamaicano conseguiu um triplete olímpico em 37,27 segundos, para o delírio do público no Estádio Olímpico Engenhão, que cantava “Uh, tá maneiro! Usain Bolt é brasileiro!”.

Com a tríplice coroa nos 100 metros, 200 metros e estafetas 4×100 metros, Bolt iguala-se ao finlandês Paavo Nurmi e ao americano Carl Lewis com nove títulos olímpicos no Atletismo.

“Sou o melhor de todos”, afirmou numa entrevista rápida a jornalistas após o fim da corrida, citado pela BBC. “A minha equipa superou-se por mim esta noite. No momento em que tínhamos o bastão, nunca esteve em dúvida [a vitória]”, garantiu. Questionado sobre o motivo pelo qual ganhou tantos títulos na sua carreira, respondeu sem hesitação: “Dedicação. Eu queria mais que todos, eu nunca estava satisfeito.”

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E será este o adeus definitivo de Bolt das pistas de Atletismo? “Definitivamente não estarei em Tóquio, em 2020. Já cumpri a minha missão nos Jogos Olímpicos. Terminei como queria a minha participação, e não tenho uma medalha favorita. Difícil escolher uma final em especial. Todas são importantes – disse Bolt, citado pelo site Globo Esporte.

O “tri-tricampeão” olímpico relatou que não tem planos para comemorar o resultado histórico. “Não vou comemorar agora. Apenas vou para casa, vou ficar acordado até tarde hoje e me divertir. Apenas estou aliviado. Eu consegui. É apenas surreal”, relatou.

A surpresa do pódio nas estafetas 4×100 foi o desempenho do Japão, que conseguiu a medalha de prata pela primeira vez na história e com direito a recorde asiático (37,60 segundos). O bronze ficou com o Canadá (37,64), após a desqualificação dos Estados Unidos por irregularidades durante a passagem do bastão.