A federação dos sindicatos que representam os guardas-florestais defendeu hoje que são necessários mais 300 profissionais, duplicando o número atualmente existente, para vigiar as florestas e sensibilizar as populações para a prevenção dos incêndios.

“Numa primeira análise, identificámos a falta de mais 300 profissionais, porque é esse sensivelmente o número que há dez anos existia no então corpo nacional dos guardas-florestais”, disse Luís Pesca, da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais.

O sindicalista falava numa conferência de imprensa convocada para anunciar a realização de uma manifestação nacional de guardas florestais, marcada para 8 de setembro, em Lisboa. O protesto começará com uma concentração no Largo do Carmo, localização do Quartel-General da GNR, onde passaram a estar integrados estes profissionais, e desfile até ao Terreiro do Paço, onde está o Ministério da Administração Interna.

Com o pré-aviso de greve de 24 horas emitido esta terça-feira, e as iniciativas marcadas, a Federação contesta a extinção da carreira de guarda-florestal e reclama a atribuição de suplementos remuneratórios relacionados com as condições específicas do seu trabalho.

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Após a integração no Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), na GNR, em 2006, “nos últimos dez anos, houve o afastamento destes trabalhadores por aposentação ou por mobilidade por [estarem] descontentes com a situação em que se encontravam”, relatou Luís Pesca.

Segundo a Federação, os guardas-florestais são hoje 317 e, entre as suas competências, está fiscalizar o cumprimento da legislação florestal, da caça e da pesca, exercer funções de sensibilização e vigilância na área florestal, contribuir para a defesa da floresta contra incêndios, realizar ações de vigilância e fiscalização, assim como investigar as causas e validar as áreas ardidas.

Luís Pesca estimou que, na próxima década, serão mais de 100 os guardas florestais a aposentar-se. “Pensamos que, pelo menos, 600 trabalhadores eram os necessários para que possam ser cumpridas as competências e obrigações” que têm, defendeu o sindicalista.

Para a Federação, este “é um número razoável para a necessidade de policiamento e também de educação ambiental das populações, um trabalho inestimável prestado por estes profissionais na defesa das florestas”.

Luís Pesca explicou que a maior parte dos guardas-florestais está no norte do país, enquanto no centro e sul “há um número reduzido”, e destacou a importância do conhecimento que estes profissionais têm das áreas onde trabalham, fator relevante na prevenção e também no combate aos incêndios.

Realçou que a principal preocupação dos responsáveis políticos e dos operacionais deve ser a prevenção e a preparação na época certa para evitar os fogos florestais, nomeadamente com investimento nestas tarefas.

Por isso, refere a necessidade de definir uma política florestal naquele sentido, conjuntamente com os ministérios do Ambiente e da Agricultura.

“Temos de passar a investir nos meios de prevenção dos fogos florestais, não podemos continuar a insistir neste erro”, frisou Luís Pesca.