Naquele que é o projeto mais ousado de Roberto Medina, que criou o Rock in Rio no Brasil em 1985 e o exportou para Portugal, em 2004 (desde aí realiza-se de dois em dois anos em Lisboa), o concerto do tenor espanhol Plácido Domingo acontece no Rio Negro, Manaus, e quer chamar a atenção para a proteção do ambiente.

Os organizadores do espetáculo único, montado num palco flutuante onde os espetadores também ficam numa estrutura flutuante, querem sensibilizar o mundo inteiro, transmitindo o concerto em direto através da internet (‘live streaming’), algo que já está a ser preparado por uma equipa de 30 pessoas.

Segundo a organização, que pela primeira vez adota como projeto social uma causa mundial, pretende-se sensibilizar os cidadãos para a importância do consumo consciente dos recursos naturais do planeta”, convidando todas as pessoas a serem agentes ativos no combate às alterações climáticas, através da sua própria mudança de comportamento.

Ao mesmo tempo, quer-se plantar árvores na Amazónia, o chamado “pulmão do mundo”, que tem sido vítima de desflorestação contínua. O projeto de Roberto Medina propõe-se plantar quatro milhões de árvores e, até hoje, já conseguiu verbas para quase três milhões.

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O trabalho de reflorestação já começou na zona do Rio Xingu, Mato Grosso, uma das mais afetadas no Brasil pelo corte de árvores.

Quando o projeto foi apresentado, em abril deste ano, o Rock in Rio estabeleceu como meta a plantação de três milhões de árvores, um milhão custeado à partida pela organização. Posteriormente, o Banco Mundial doou mais um milhão e a Universidade Estácio de Sá (Rio de Janeiro) garantiu mais 100 mil.

O leilão de guitarras no Rock in Rio Lisboa deste ano, uma doação da Conservação Internacional (uma organização internacional com sede em Washington) e a angariação de outras verbas elevaram já o número de árvores para 2.890.000 e a fasquia passou para os quatro milhões.

O Rock in Rio espera incrementar os números esta semana, com o concerto de Plácido Domingo, que será acompanhado pela Orquestra Amazónia e o Coral do Amazonas.

O espetáculo terá ainda as participações especiais do filho do tenor, Plácido Domingo Júnior, e dos músicos brasileiros Andreas Kisser (guitarrista), Ivete Sangalo e Saulo Laucas, um tenor que “venceu” pela música o obstáculo de ser cego e autista.

O palco que está a ser montado no Rio Negro é do mesmo tamanho que os palcos principais das edições “normais” do Rock in Rio (30 por 30 metros) e pesa três toneladas. A cenografia é constituída por mil metros quadrados de lona, segundo a organização.

Tudo para alertar para a preservação do ambiente e para as alterações climáticas. Ainda que, por uma noite, o ambiente do Amazonas seja alterado.

Onças, araras e tucanos podem não gostar de ouvir “Granada” ou “Nessun dorma”, mas a organização já conta com pelo menos um espetador local, um jacaré que, todos os dias, pela tardinha, tem “visitado” a equipa de produção ali a trabalhar.