Seria de esperar que, com toda a pressão das redes sociais, as mulheres estivessem mais preocupadas com os seus corpos, com a imagem que passam e, acima de tudo, com o facto de corresponderem, ou não, ao que veem. Basta passar cinco minutos no Instagram para ver dezenas de fotografias de mulheres perfeitas, com corpos perfeitos, em poses perfeitas e, obviamente, com filtros perfeitos. E toda esta “perfeição” continua a ser preocupante. Se, antigamente, as capas das revistas com modelos vendiam um ideal de beleza irreal, não deixavam de ser modelos. Nos dias de hoje, é a mulher comum que o faz nas redes sociais.

Recentemente, uma blogger britânica foi humilhada no Instagram por ter publicado uma fotografia onde se viam os pelos dos braços. Mas, embora ainda menos satisfeitas do que os homens, um novo estudo veio mostrar que, afinal, as mulheres estão mais felizes com os seus corpos do que estavam nas últimas décadas.

Um pequeno passo para a mulher, um salto para as próximas gerações

Este estudo foi divulgado na semana passada na convenção anual da Associação Americana de Psicologia e envolveu mais de 100 mil mulheres e homens que foram entrevistados entre 1981 e 2011. Os especialistas descobriram que o descontentamento das mulheres com o corpo — nomeadamente com a questão da magreza — diminuiu 3,3%. Em entrevista à revista americana Time, o autor do estudo e professor de psicologia, Bryan Karazsia, disse que, embora esta mudança possa parecer bastante pequena, estatisticamente é um número substancial e significa uma melhoria para as gerações futuras.

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O que é que pode justificar esta mudança? Os especialistas não sabem, ao certo, mas avançam com algumas teorias:

  • Os americanos, e a população ocidental em geral, estão a ficar cada vez maiores. Em 2015, o Observador noticiava que 4,5 milhões de portugueses apresentavam excesso de peso. E como as pessoas à nossa volta estão cada vez maiores, a perceção do que nos rodeia começa a fazer-nos sentir mais “normais” e menos preocupados.
  • Um novo ideal de corpo pode estar a substituir o desejo das mulheres em serem magras. Os especialistas identificaram uma tendência crescente: as mulheres preferem ser tonificadas ao invés de magras. E isso são boas notícias que, acima de tudo, refletem tendências positivas. Por um lado, a moda da vida saudável assumiu, nos últimos anos, um interesse cada vez maior e deu lugar a novas celebridades – as estrelas do fitness. Por outro lado, figuras públicas como Kim Kardashian vieram mostrar que um corpo bonito não precisa de ser magro.
  • É também possível que a representação feminina nos meios de comunicação esteja a mudar a nossa forma de olharmos para o nosso corpo. Karazsia cita a popularidade dos anúncios da marca Dove, por exemplo, que apresentam mulheres de todos os tamanhos de corpos e raças, apelando a uma maior diversidade feminina.

Como os ideais estão a mudar, acho que as pessoas se estão a tornar um pouco mais críticas relativamente a imagens extremas e os meios de comunicação estão a abraçar esta ideia que corpos de todas as formas e tamanhos também podem vender produtos”, explica o autor do estudo.

Imagens positivas que procuram mudar o mundo

Na fotogaleria, relembramos dez casos de diversidade na comunicação e publicidade que poderão estar a contribuir para um futuro onde a imagem corporal negativa terá um impacto cada vez menor.

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