Francisco Louçã considera que o Orçamento Retificativo, que reflete o plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, não vai ter grandes problemas em passar na Assembleia da República. No entanto, o ex-dirigente bloquista tem dúvidas sobre o impacto que esse plano vai ter nas operações do banco e diz mesmo que os partidos de esquerda devem opor-se à redução prevista de 2.500 trabalhadores.

No plano, “o que não está claro e é muito importante é o significado nas operações da Caixa”, disse Louçã esta sexta-feira no habitual espaço de comentário da SIC Notícias. “A comissária europeia veio sublinhar, e a Comissão Europeia também, que haverá o encerramento de 300 balcões e o despedimento de muitas pessoas. Pode ser abaixo de 2.500, mas é um grande despedimento, sob formas variadas: reformas antecipadas, rescisões voluntárias. Mas entendamos bem, a rescisão voluntária é sempre uma forma de pressionar o trabalhador para sair”, disse.

O problema é que não fica certo, por causa destas razões, se a Caixa é muito prejudicada nas suas operações e se é muito marcada pelo Banco Central Europeu de forma ameaçadora. Isto é um problema, sobretudo para os partidos de esquerda, porque como não aceitaram no passado pressões para despedimentos deste tipo, não podem e não devem fazê-lo num contexto em que a Caixa merecia expandir e não reduzir as suas operações.”

Para Francisco Louçã, “é uma péssima notícia” que a Caixa se veja obrigada a fechar operações no estrangeiro, nomeadamente em Espanha. Isso “prova a que ponto pode chegar o arbítrio do gestor europeu, que decide quais são os bancos que podem operar em Espanha e que não podem. Porquê? Porque entende que o Santander e o La Caixa e outros bancos têm de ter o predomínio”, disse. E isso deixa incertezas sobre como será o futuro das operações da CGD.

Louçã considera que “não se pode deitar foguetes” sobre este plano de recapitzalização e criticou o Governo pela forma como conduziu o processo. “O Governo geriu muito mal” o dossiê, disse, referindo-se à “forma muito amadora como pareceu ser tratada a escolha da administração” e também à “sugestão de uma proposta de lei para favorecer pessoas específicas”, que “é uma coisa que não se faz, não tem nenhum sentido”. Essa ideia acabou por ser travada pela “oposição política”, disse Louçã, citando em seguida três entidades: o Presidente da República, o Bloco de Esquerda e o PCP.

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