Três mulheres brasileiras foram encontradas mortas esta sexta-feira num tanque na área de um hotel de cães, em Tires (Cascais). As três mulheres tinham sido dadas como desaparecidas em fevereiro deste ano. Os cadáveres foram recuperados em avançado estado de decomposição. Dinai Alves Mendes, namorado de uma delas e alegado autor dos três assassinatos, entregou-se esta sexta-feira à Polícia Federal brasileira, que terá depois comunicado a informação da localização dos corpos à Polícia Judiciária. O comandante dos bombeiros da Parede avançou à Lusa que o homem já foi detido.

No entanto, o jornal i cita fonte da Polícia Judiciária com uma versão diferente e diz que a descoberta dos corpos foi motivada por uma queixa de uma empresa de esgotos, que terá encontrado um cadáver enquanto limpava as fossas do hotel para cães e não por uma confissão de Dinai. A fonte diz ainda que o homem não foi detido. O jornal avançou ainda que Dinai era “conservador” e que a relação homossexual de Lidiana e Thayane pode ter motivado o crime.

Já em abril deste ano as equipas de investigação tinham estado naquela zona a procurar as jovens, uma vez que o principal suspeito do crime, o namorado da rapariga grávida, trabalhava na zona.

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As identidades das mulheres também já são conhecidas. Michelle Santana Ferreira, de 28 anos, namorava com o homem havia quatro anos e estava grávida de três meses quando foi morta. Dinai também terá morto Lidiana Neves Santana (a irmã com 16 anos de Michelle) e Thayane Mendes Dias (com 21 anos e namorada de Lidiana). Uma delas era de Nova Venécia, em Espírito Santo, enquanto as irmãs eram naturais de Minas Gerais.

Os Bombeiros Voluntários de Parede também estão a participar nas operações de resgate dos corpos. De acordo com Pedro Araújo, comandante dos bombeiros, não é a primeira vez que a Polícia Judiciária pede o esvaziamento de um tanque: “Esta é uma investigação que dura há algum tempo”, confirma ele ao Observador.

Os corpos já foram transportados para o Instituto de Medicina Legal, avança a Lusa.

De acordo com as notícias avançadas há meses pelo canal Record, Michelle trabalhava como empregada doméstica em Portugal havia oito anos. Vivia na casa do namorado, Dinai, em São Domingos de Rana. O último contacto com a família foi efetuado por mensagens a 11 de fevereiro. A mãe, Solange Santana, diz que estranhou as mensagens: “Senti que não era ela que me estava a mandar aquelas mensagens. Disse que fez um teste de gravidez de farmácia e que já estava grávida de dois meses”.

Michelle saberia da gravidez há poucas semanas. Em dezembro de 2015, Lidiana Neves Santana tinha ido viver com a irmã em Lisboa. Mais tarde, a 21 de janeiro, também a namorada da rapariga de 16 anos, Thayane Mendes Dias, tinha ido viver com ela para a mesma casa. De acordo com as declarações de uma amiga das três mulheres, Michelle vivia assustada.

Ela já me tinha dito que tinha de ter muito cuidado. O Dinai já lhe tinha dito que, se ela engravidasse, a mataria e desapareceria com o corpo”.

Já no final do ano passado, Michelle assumiu que o namorado estaria diferente, conta uma das amigas da mulher. Num grupo de Facebook onde estariam os familiares de Michelle, ela terá contado que Dinai estava “estranho e diferente” e que, se ele não tomasse uma posição que indiciasse um casamento e a constituição de uma família, ela iria terminar a relação. Entretanto, Dinai terá pedido a mão de Michelle em casamento.

Pouco depois do desaparecimento das mulheres, Dinai despediu-se do hotel para cães onde trabalhava há dez anos e voltou para o Brasil, onde voltou a morar com a mulher com quem era casado e com quem tinha dois filhos. Às famílias das três mulheres disse que tinham ido morar para Inglaterra. “Ele disse que a Michelle estava sempre a dizer que queria ir para a Inglaterra ou para os Estados Unidos. Mas é tudo mentira. Porque é que ela haveria de deixar de falar com a família? Porque é que haveria de se desconectar do Facebook?”, questiona-se a amiga que conversou com o canal Recorde. De facto, não havia registo nem da saída delas de Portugal, nem da entrada no Reino Unido.

Dinai tinha resposta. À mãe da mulher, o homem disse que a namorada só tinha saído das redes sociais para não ser encontrada pela patroa. Solange não acreditou: à SIC confessou ter pensado “que elas tinham sido vendidas ou traficadas, mas nunca mortas”. Até porque garante nunca ouviu as filhas queixarem-se de violência por parte de Dinai: “Uma amiga contou que ele costumava ser agressivo com a Michelle. Mas eu não sei, ela nunca me tinha dito nada”.

Tinha sido criada uma página de Facebook que contava a história das três mulheres desaparecidas, na esperança de obter alguma informação. Essa página, que terá sido criada por familiares das vítimas, já foi apagada.