O divórcio não tira férias. Pelo contrário, ganha maior dimensão após os dias de descanso. Esta é a conclusão de um novo estudo associado à Universidade de Washington, que descobriu que os pedidos de divórcio tendem a seguir o calendário anual das férias em família — ou seja, são menores em novembro e em dezembro, e aumentam em março, depois das férias de inverno e do dia dos namorados; há uma diminuição significativa em abril e um novo aumento em agosto, sendo que julho é o mês preferencial para se ir de férias, escreve a Bloomberg.

Os autores do estudo — Julie Brines e Brian Serafini, ambos sociólogos da Universidade de Washington, em Seattle — analisaram 14 anos de dados sobre divórcios no estado de Washington antes, durante e após o período de recessão, de modo a mostrar que as tendências sazonais não eram influenciadas pelo estado da economia. Mostrou-se ainda que pais de crianças dependentes são mais prováveis de seguir estas tendências e que casais sem filhos também protagonizam um aumento de pedidos de separação em março e agosto.

Os autores afirmam que é provável que os casais adiem o divórcio em “períodos sociais mais sensíveis do calendário”. Argumentam também que as férias deixam as pessoas mais otimistas em relação ao futuro e esperançosas de que as relações possam ser reparadas. O problema é que, ao passarem mais tempo juntas, a infelicidade acaba por ser maior do que antes de as férias começarem.

Estes rituais e transições podem ser indutores de stress e, por isso, podem intensificar a insatisfação ou a discórdia”, escrevem Brines e Serafini.

A ideia não é completamente nova, até porque um outro estudo realizado no Reino Unido com a participação de 2.000 adultos (mais de 1.000 eram pais) — e noticiado pelo Huffington Post em agosto de 2013 — concluiu que um quinto dos pais considera o divórcio ou a separação depois de os filhos regressarem às aulas, ou seja, colocam a relação amorosa em causa durante a pausa de verão.

As investigações referidas focam-se em realidades além-fronteiras, no entanto, em Portugal o número de divórcios por cada 100 casamentos era de 70,4% em 2013 (1,1% em 1960). A pensar no fim de uma união, com ou sem filhos à mistura, a jornalista e autora do livro “Divórcio Feliz”, Elizabete Agostinho, chegou a explicar ao Observador o que fazer para que a separação entre um casal aconteça com menos drama e menos problemas:

  • não tomar decisões de cabeça quente;
  • alimentar a lei da reciprocidade;
  • ter cuidado com o que se diz nesta altura;
  • deixar os filhos longe do epicentro do divórcio;
  • reaprender a viver sozinho/a e a gostar de si o mais depressa possível.

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