A 52.ª edição da Feira Internacional de Maputo (Facim), Moçambique, abre esta segunda-feira as portas com o pavilhão de Portugal a ser o maior, mas o evento tem menos inscrições comparativamente aos últimos anos, marcados pela incerteza no país africano.

Os números apontam para uma descida acentuada no investimento, que no caso de Portugal atinge uma redução de 80% no primeiro semestre face ao período homólogo no ano passado e uma queda das exportações de 33% nos primeiros seis meses de 2016.

Apesar dos números, Portugal voltará a ter o maior pavilhão da feira, segundo João Macaringue, presidente do Instituto para a Promoção das Exportações de Moçambique (Ipex), entidade organizadora do evento, mas dados da listagem de inscrições a que a Lusa teve acesso indicam uma redução do número de empresas.

Nesta edição da Facim, que terá a presença do ministro da Economia português, Manuel Caldeira Cabral, e do presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Miguel Frasquilho, são esperadas 31 empresas portuguesas, a que se somam duas associações, abaixo das 42 firmas representadas em 2015 e das 50 em 2014.

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Além do Pavilhão de Portugal, dezenas de empresas de capitais portugueses participam em outros espaços de exibição na Facim.

Segundo João Macaringue, 33 países estrangeiros já confirmaram a sua presença na Facim, a maioria oriunda dos países da União Europeia, contra 31 no ano passado.

No total, 630 empresas estrangeiras vão participar no evento contra 680 em 2015, acrescentou o presidente do Ipex.

Moçambique vive um período de múltiplas crises, marcadas pelo arrefecimento do crescimento económico, forte desvalorização do metical face ao dólar, descida do preço das matérias-primas e das exportações, subida acentuada da inflação e queda do investimento estrangeiro e da ajuda externa, em resultado do escândalo dos empréstimos ocultados pelo Estado e que fizeram disparar os valores da dívida pública.

O país atravessa ainda uma crise política e militar entre Governo e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que se agravou nos últimos meses e afeta a circulação de pessoas e bens na região centro.

Como consequência destes efeitos combinados, as intenções de investimento em Moçambique caíram 48% no primeiro semestre de 2016 comparativamente ao mesmo período do ano passado, com Portugal no quinto lugar dos principais investidores, mas com uma queda de 80%, bastante superior à média.

Todas as formas de investimento sofreram descidas acentuadas, com o estrangeiro a baixar 54% e o nacional 56%.

A Facim decorre até 04 de setembro em Marracuene, nos arredores de Maputo, com a presença prevista de 2.250 empresas moçambicanas e 630 estrangeiras, provenientes de 33 países.