Jorge Moreira da Silva gosta de correr junto ao rio e não dispensa um caril de bacalhau. Maria Luís Albuquerque prefere um bom bife na pedra, gatos em vez de cães e o filme que elege é “Extremamente Alto, Incrivelmente Perto”, um drama protagonizado por Sandra Bullock. Para ler recomenda: “Viva o povo brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro. Jaime Gama prefere regar nos tempos livres, Poiares Maduro adora cozinhar. Mas isso não é segredo para ninguém.

É uma faceta pouco conhecida dos oradores, em geral, e dos políticos, em particular. Mas os “professores” que, até domingo, vão passar pela Universidade de Verão do PSD em Castelo de Vide dão a conhecer alguns detalhes sobre os hobbies que mantém fora de portas: quais os animais preferidos, o livro de que mais gostam, a comida favorita, a personalidade que mais os inspira. Para os jovens sociais-democratas os conhecerem melhor, e em jeito de inovar no que à proximidade diz respeito, todos os alunos recebem antes da “aula” uma nota biográfica, o currículo e alguns dados pessoais sobre cada orador.

É o caso de Jaime Gama, o socialista e ex-presidente da Assembleia da República que se vai encarregar da aula da noite de terça-feira. Tem como hobbie regar, o filme que prefere é “Viagem a Tóquio”, de Yasujiro Ozu, e a qualidade de que mais gosta nas pessoas é inteligência e caráter — “juntos”. Enquanto Jaime Gama e Maria Luís Albuquerque preferem gatos, a maioria prefere cães, mas Carlos Coelho é mais original. O reitor da Universidade de Verão e eurodeputado do PSD gosta mesmo é de coelhos, talvez pela proximidade ao apelido que partilha com o líder do partido. Já o líder do PSD Açores, Duarte Freitas, como bom açoriano que é, opta pela vaca no campo dos animais e por um bom peixe no campo da gastronomia.

Miguel Poiares Maduro é um cozinheiro de dotes reconhecidos, assim como gosta de manter os jogos de futebol entre amigos. Com tanto tempo passado na cozinha não consegue eleger um prato favorito, preferindo eleger “a comida que está constantemente a ser reinventada”. Talvez pelo próprio. O animal é o cavalo e quanto a filmes, não consegue escolher só um: “Mr. Smith goes to Washington”, de Frank Capra, ou “Unforgiven”, de Clint Eastwood, estão no top. Honestidade é a qualidade que mais aprecia nas pessoas.

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Já Carlos Moedas, atual comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, vive entre Estrasburgo e Bruxelas há dois anos mas não esquece o robalo grelhado “como só nós sabemos fazer em Portugal”. Gosta de pandas e o que mais aprecia nas pessoas é a capacidade de transmitirem “energia positiva”.

Paulo Rangel é simples nos gostos: gosta de ler, gosta de arroz de frango e o animal preferido é o cão. No cinema não esquece “Trainspotting”, o filme centrado no consumo de heroína que celebrizou Danny Boyle e que se prepara agora para ver nascer uma sequela. Na literatura elege As memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar. Jorge Moreira da Silva, primeiro vice-presidente do PSD que esteve encarregue da abertura da Universidade, recomenda Se Isto é um Homem, de Primo Levi, sobre os campos de extermínio nazis.

Mónica Ferro, ex-deputada do PSD, levava sushi para uma ilha de deserta. E um livro, talvez, já que se diz “uma leitora compulsiva”. Adora todos os animais que voam e à cabeceira não dispensa A guerra do fim do mundo, do Nobel da Literatura Mário Vargas Llosa.

Duarte Marques, deputado e diretor-adjunto da Universidade, não dispensa o “arroz à cabidela da mãe” e no cinema recomenda o clássico “Citizen Kane”, de Orson Welles, uma escolha transversal a outros políticos e participantes na “escola” social-democrata. Simão Ribeiro, líder da JSD, ouve Bob Dylan e na cabeceira tem A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera.

No plano internacional, também Kyriakos Mitsotakis, o líder da Nova Democracia grega, partido conservador atualmente na oposição, se deu a conhecer. Além de gostar particularmente de golfinhos, de ler e de desportos variados (do basquetebol ao ski e ao ténis), o ex-ministro grego gosta do filme “Interstellar”, o drama de ficção científica de Christopher Nolan sobre uma viagem no espaço de no tempo.

Jovens aspirantes a líderes parlamentares ou presidentes de junta

A iniciativa não é nova, mas funciona de parte a parte, já que aos jovens participantes também lhes é pedido que respondam às mesmas questões em jeito de análise de perfil. Além da música, livro, filme, hobbie, ou qualidade mais apreciada nos outros, todos os alunos respondem à questão sobre o que gostariam de vir a ser ‘quando forem grandes’. Segundo explica Carlos Coelho, diretor da Universidade desde a primeira edição, é uma forma de traçar o perfil dos candidatos a alunos, o que ajuda à seleção.

Na 14.ª edição, que decorre desde esta segunda-feira até domingo, há de tudo: aspirantes a advogados, juízes, diplomatas, jornalistas ou farmacêuticos. Há jovens candidatas a líderes parlamentares, jovens que ambicionam ser presidente da JSD ou presidente da Junta de freguesia x e y. Há ainda os que querem apenas ser políticos, economistas ou engenheiros “de sucesso”, ou apenas “ter um cargo executivo”. São perto de 100 os jovens, de norte a sul do país, e também dos PALOP (três são da Guiné-Bissau) que voltam a passar este ano pela escola laranja, em sete dias de debate intensivo em torno da formação cívica, política e social.

É a rentrée simbólica dos sociais-democratas, que conta com a participação de vários nomes do partido. Pedro Passos Coelho fará o encerramento, com um discurso no domingo.