Os 19 autarcas do Douro uniram-se hoje em defesa intransigente da linha do Douro, para onde reivindicaram um serviço público de qualidade e denunciaram “o desinvestimento” a que tem sido sujeita ao longo dos anos.

“E o que decidimos foi, mais uma vez, levantar a nossa voz em defesa da linha do Douro e de um serviço público ferroviário de qualidade nesta linha e dirigi-la ao Governo, à CP bem como às Infraestruturas de Portugal”, afirmou aos jornalistas Francisco Lopes, presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro).

Esta tomada de posição unânime foi tomada durante a reunião ordinária da CIM Douro que decorreu hoje, em Murça, distrito de Vila Real, e depois das muitas críticas lançadas nas últimas semanas ao serviço prestado pela transportadora na linha do Douro.

Operadoras fluviais, turistas, clientes regulares e autarquias locais alertaram para a supressão de ligações, para as carruagens apinhadas e as avarias no ar condicionado.

Francisco Lopes, que é também presidente da Câmara de Lamego, esclareceu que a CIM vai remeter uma exposição ao Governo, à administração da CP e à Infraestruturas de Portugal, “fazendo uma defesa intransigente da infraestrutura ferroviária da linha do Douro e da qualidade de serviço”.

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Salientou ainda que os autarcas estão preocupados “com a desqualificação a que tem sido sujeita toda a linha do Douro ao longo dos anos”, desde a própria infraestrutura, as estações e a redução de material circulante.

Material que, sublinhou, tem sido alterado para “níveis que não são compatíveis quer com a procura diária, quer com uma procura crescente a nível turístico”.

“Receamos muito que este desinvestimento que tem vindo a ser feito conduza a linha do Douro e o serviço ferroviário no Douro a um nível de desqualificação tão grande que justifique medidas gravosos como as que já foram tomadas em outros pontos do território, inclusive no Douro, com o encerramento a montante do Pocinho. E essa é uma situação absolutamente inaceitável para os autarcas da CIM”, frisou.

Francisco Lopes disse ainda que a eletrificação da via “é prioritária”.

“Entendemos que é altura de ser encarada já que, pela primeira vez, há fundos comunitários e uma prioridade de investimento na ferrovia em Portugal que nunca houve em quadros comunitários anteriores”, salientou.

O vice-presidente da Câmara de Peso da Régua, José Manuel Gonçalves, lembrou que “já há muito tempo” que o seu município alerta a CP para “a diminuição da qualidade do serviço”.

“A CP tem que olhar para esta linha como uma linha estratégica e não só até à Régua, para lá da Régua e transversal a toda a região”, frisou.

José Manuel Gonçalves defendeu a modernização da linha até ao Pocinho, mas também a aposta da ligação a Espanha, reativando o troço até Barca de Alva”, uma proposta colocado na agenda do Eixo Atlântico em 2007.

“Era mais uma autoestrada que tínhamos para ligar o interior”, salientou.

A CP já reconheceu que está a ter dificuldades em responder “aos crescimentos brutais” da procura na linha do Douro porque “a capacidade não é ilimitada” e adiantou que está a tentar encontrar soluções com a tutela.

Segundo os dados da transportadora, no mês de junho, na linha do Douro, o transporte de grupos aumentou 73%, o que corresponde a mais 8.314 viagens realizadas, num total de 19.629 passageiros transportados em grupos nesse mês.