Apesar dos protestos internacionais, as proibidas bombas de fragmentação continuam a ser utilizadas na Síria e no Iémen e causaram mais de 400 vítimas em 2015, revela um relatório da ONU divulgado, esta quinta-feira, em Genebra.
“Existem agora relatórios quase diários de novos ataques com bombas de fragmentação”, nomeadamente na Síria, onde a Rússia começou a intervir em setembro de 2015 ao lado das forças governamentais, indica o 7.º relatório para as Nações Unidas do Observatório das bombas de fragmentação.
Segundo o relatório, “há provas irrefutáveis da utilização pela Rússia de bombas de fragmentação na Síria e/ou da sua participação direta ao lado das forças armadas sírias em ataques com bombas de fragmentação, nomeadamente nas regiões de Alepo, Homs e Idleb”.
Sublinha que 76 ataques daquele tipo foram registados entre setembro de 2015 e julho de 2016 na Síria.
No Iémen, entre abril de 2015 e março de 2016, a coligação árabe dirigida pela Arábia Saudita recorreu a bombas de fragmentação em pelo menos 19 ataques, segundo o relatório.
“Como na Síria, um grande número daqueles ataques ocorreu em zonas urbanas e populosas: em mercados, escolas, hospitais…”, denunciou a Handicap International, que participou na elaboração do relatório com outras organizações não-governamentais.
Nenhum dos países envolvidos é signatário da Convenção sobre as bombas de fragmentação.
O relatório indica que 97% dos mortos ou feridos por aquelas bombas em 2015 eram civis, dos quais 36% eram crianças.
No total, foram registadas 417 pessoas mortas ou feridas por bombas de fragmentação em 2015, nomeadamente na Síria (248), no Iémen (104) e na Ucrânia (19).
No final de maio, os Estados Unidos suspenderam a distribuição à Arábia Saudita de bombas de fragmentação, sob pressão de eleitos do Congresso e de organizações de defesa de direitos humanos.
As bombas de fragmentação podem conter várias centenas de minibombas que se dispersam numa vasta zona, mas que não explodem todas, transformando-se neste caso em minas antipessoais que podem ser acionadas ao mínimo contacto, matando e mutilando durante e após os conflitos.
Dezasseis países em todo o mundo continuam a produzir bombas de fragmentação, entre os quais a China, Rússia e Israel, segundo o relatório.
O documento foi divulgado antes do início da 6.ª Assembleia dos Estados parte da Convenção sobre bombas de fragmentação, que decorre de 5 a 7 de setembro.