A poucos dias do lançamento de The Pigeon Tunnel, o novo livro de memórias de John le Carré, o jornal The Guardian publicou um excerto em que o escritor britânico e ex-agente do MI6 revela que foi abandonado pela mãe quando tinha apenas cinco anos e que foi vítima de violência por parte do pai, Oliver.

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“Hoje, não me lembro de sentir nenhum afeto em criança exceto pelo meu irmão mais velho, que por algum tempo foi o meu único pai”, escreveu le Carré, com 84 anos. Em The Pigeon Tunnel, o autor lembra também uma cassete que a mãe, Ronnie, lhe deixou antes de o abandonar e em que ela descreve como o marido lhe costumava bater, razão pela qual decidiu fugir de casa.

“Claro que Ronnie também me batia, mas apenas às vezes e nunca com tanta convicção”, contou le Carré no seu livro de memórias.

No excerto publicado pelo Guardian, é ainda possível ler como le Carré conheceu e trabalhou com o ator britânico Alec Guiness e se cruzou com o empresário Rupert Murdoch e a primeira-ministra Margaret Thatcher, que queria que fosse “recomendado para uma medalha”. “E eu recusei”, contou o escritor.

“Não tinha votado nela, mas o facto não tinha nada a ver com a minha decisão. Senti, como sinto hoje, que não fui feito para o nosso sistema de honras, que representa muito daquilo que não gosto no nosso país.”

John le Carré publicou o primeiro romance, Call for the Dead, em 1961, numa altura em que trabalhara como agente secreto para o M16. A maioria dos seus romances — histórias de espiões passadas durante a Guerra Fria (1945-1991) — são inspirados por essa experiência. Apesar disso, o autor sempre se considerou, acima de tudo, um escritor e não “um espião que se virou para a escrita”. The Pigeon Tunnel chega às livrarias a 6 de setembro.

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