Na baliza, Quim (Braga). À sua frente, quatro homens entre Nélson (Porto), Couto (Lazio), Jorge Costa (Porto) e Rui Jorge (Sporting). No meio-campo, Paulo Sousa (Panathinaikos) orienta Figo (Real Madrid), Rui Costa (Fiorentina) e Simão (Barcelona). No ataque, a dupla sportinguista Sá Pinto e JVP. No banco, o selecionador António Oliveira. Estamos a 3 de setembro de 2000 e é o arranque da qualificação para o Mundial-2002, em Tallinn. Ganhamos 3-1, com golos de Figo, Rui Costa e Sá Pinto.

Avançamos uns quantos anos e já estamos a 19 de novembro de 2013. É o último jogo de qualificação para o Mundial-2014, versão play-off. Em Estocolmo, ganhamos 3-2 com hat-trick de Ronaldo. Na baliza, Rui Patrício (Sporting). À sua frente, quatro homens entre João Pereira (Valencia), Pepe (Real Madrid), Bruno Alves (Fenerbahçe) e Coentrão (Real Madrid). No meio-campo, Moutinho (Monaco), Miguel Veloso (Dínamo Kiev) e Meireles (Fenerbahçe). No ataque, Hugo Almeida (Besiktas) puxa os centrais para trás na tentativa de estender a passadeira aos extremos Nani (United) e Ronaldo (Real Madrid).

Para quê esta lenga-lenga toda? Nem sequer há um único elo de ligação. Calma rapaziada. Fala-se das qualificações para o Mundial. As de Portugal. De 2000 a 2013, a seleção faz 46 jogos. O primeiro é o tal 3-1 em Tallinn. O último é o fascinante 3-2 em Estocolmo. Voltamos amanhã a essa contabilidade, com a Suíça, em Basileia. É o 47.º jogo de apuramento para os Mundiais desde a chegada do ano 2000. Sabe dizer-nos quantas vitórias acumulamos? Isso é um 31. Da armada? Nope. É mesmo um 31. Ao todo, 31 vitórias. Ah, bom. Clap clap clap, aplausos. Somos merecedores de aplausos pela elevada percentagem de sucesso. E empates, quantos temos? É um 31. Da armada? Nope, again. É mesmo um 31. Só que invertido. Habemus 13 empates, uns mais escandalosos que outros. Como aquele 2-2 em Vaduz, com o Liechtenstein, em que entramos a ganhar 2-0 e sofremos dois golos de uma equipa de amadores. Ou como aquele 0-0 em Braga, com a Albânia. No final, Carlos Queiroz falha o flash interview com esta justificação engraçada: “Há muitos elevadores e escadas no estádio.”

Queiroz. Ainda bem que o homem aparece no texto. Até parece de propósito. Não é, acredite. Acontece que o homem tem aqui uma história com a gente em matéria de Mundiais. Ora bem, vamos lá a contas. Se ganhamos 31 jogos e empatamos 13, isso dá 44. Faltam dois. Ou melhor, duas. Derrotas. Sóóóóó? Isso mesmo, só. É obra. É Portugal Continental e ilhas (obrigado Pauleta, Eliseu, Ronaldo e afins) no seu melhor. Quais são, quais são? A impaciência é grande, enorme. A malta quer saber. Antes de mais, a Malta não é tida nem achada para este assunto. Quer dizer, ganhamos-lhe 4-0 lá, 4-0 cá. Com o professor Queiroz. O tal.

O tal que contabiliza a primeira derrota nacional em qualificações para os Mundiais desde 2000. Em Alvalade, a uma quarta-feira, 10 de setembro de 2008. No apito, o catedrático Howard Webb (Inglaterra). Eles, os “maus”, vestem-se de branco. Nós, os “bons”, de vermelho. Hugo Almeida cruza e Nani empurra, 1-0 aos 42’. Penálti sobre o capitão Nuno Gomes e Deco transforma, 2-1 aos 86’. Daí para a frente, é um triste fado, escrito por Poulsen (89’) e Jensen (90’+1). A Dinamarca ganha 3-2. O onze inclui nomes como Quim (Benfica); Bosingwa (Chelsea), Ricardo Carvalho (Chelsea), Pepe (Real Madrid) e Paulo Ferreira (Chelsea); Raul Meireles (Porto), Maniche (Atlético Madrid) e Deco (Chelsea); Nani (United), Hugo Almeida (W. Bremen) e Simão (At. Madrid) (cap). Ou seja, nenhum leão em Alvalade. Poissss. Assim é complicado, amigos.

Passam-se uns jogos, viram-se uns anos, olá 2012. Mais precisamente, 12 de outubro. Em Luzhniki, a espinha dorsal do Euro-2012 está lá, com a grande maioria a chamar a si o protagonismo. Casos de Rui Patrício (Sporting), João Pereira (Valencia), Pepe (Real Madrid), Bruno Alves (Zenit), Coentrão (Real Madrid), Miguel Veloso (Dínamo Kiev) e Moutinho (FCP); Nani (Man. United), Postiga (Saragoça) e Ronaldo (Madrid) (cap). O único intruso, por assim dizer, é Ruben Micael (Braga). Um golo madrugador de Kerzhakov, aos 6’, atira-nos ao tapete e nunca mais nos levantamos. Quer dizer, até sairmos de Moscovo. A partir daí, voltamos à cepa torta: empates assim-assim e vitórias categóricas, como aquelas duas dos hat-tricks de Ronaldo, em Belfast (4-2 à Irlanda do Norte) e Estocolmo (3-2 à Suécia). Desta vez, em Basileia, o capitão está fora. Por lesão. Amanhã, lá teremos de puxar carroça sem ele. Caso contrário, será um 31. Da armada.

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