O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, disse ter chegado a hora dos dois principais partidos do país, PAIGC e PRS, se entenderem para que os guineenses possam recuperar a tranquilidade e para o governo trabalhar.

O chefe de Estado guineense falava em crioulo, na quinta-feira, perante um grupo de líderes da comunidade muçulmana e elementos do comité central do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que apoiaram a sua escolha nas primárias do partido. O Presidente disse ter chegado a hora de “parar com a demonstração de força” entre os partidos. Vaz acrescentou que o entendimento deve ser extensivo ao grupo de 15 deputados dissidentes do PAIGC que agora estão no poder.

“Apelo ao PRS, ao grupo dos 15 e à nossa grande família do PAIGC para desenvolvermos o nosso país. Tenhamos pena deste povo”, referiu José Mário Vaz. O Presidente guineense afirmou estar a dirigir os apelos ao entendimento na sequência de exortações que tem estado a receber um pouco de todo o mundo no sentido de promover a reconciliação na Guiné-Bissau.

“Recebi apelos até do secretário-geral das Nações-Unidas, um dos homens mais importantes do mundo, no sentido de haver entendimento entre os guineenses”, declarou Vaz, contando um episódio que se passou entre ele e o ex-presidente português, Cavaco Silva. “Quase não falo agora [com Cavaco], porque pediu-me uma coisa e eu disse-lhe que não podia fazê-lo [apoiar o Governo de Domingos Simões Pereira, há um ano, em vez de o demitir]”. Mas enquanto falaram, o ex-estadista português, “também me pediu o entendimento no país”, afirmou.

José Mário Vaz disse também ter sido aconselhado no mesmo sentido pelo atual Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo embaixador americano residente no Senegal. “Por isso quero pedir a todos os guineenses para que façamos tudo para que haja entendimento entre nós. Peço também aos anciões deste país que façam o mesmo”, exortou José Mário Vaz.

Para o líder guineense não era necessário que os dirigentes de outros países africanos viessem ao país promover o diálogo se os nacionais se empenhassem na busca do entendimento. Dois chefes de Estado da sub-região, Alpha Condé, da Guiné-Conacri, e Ernest Koroma, da Serra-Leoa, são esperados em Bissau, no sábado, no âmbito da promoção do diálogo entre os líderes guineenses desavindos. Os estadistas são enviados da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

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