Dezenas de milhares de catalães saíram este domingo à rua em Barcelona e outras quatro cidades da Catalunha, em manifestações para exigir a independência em relação a Espanha, enquanto os líderes dos partidos independentistas tentam alcançar um plano comum de secessão.

Mais de 340 mil pessoas inscreveram-se nas iniciativas, previstas para coincidir com o dia nacional da Catalunha, o “Diada”, que assinala a conquista de Barcelona pelo rei de Espanha Filipe V em 1714 depois de um cerco de 13 meses. As manifestações aconteceram em cinco cidades: Barcelona, Tarragona, Berga, Salt e Lleida.

Em Barcelona, os manifestantes — muitos vestidos em azul, vermelho e amarelo – concentraram-se no parque da Ciutadella, onde o desfile se iniciou pelas 17h15 (16h15 em Lisboa).

A preparação dos protestos deste ano ficou marcada por uma rutura entre os partidos separatistas apoiantes do Governo Regional da Catalunha, empenhados na realização de um referendo sobre a independência da região em meados do próximo ano.

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“O Diada deste ano é crucial”, afirmou no início da manifestação o líder do Governo Regional da Catalunha, Carles Puigdemont, citado pela agência France-Presse.

Nos próximos meses, terão que ser tomadas “decisões críticas” em relação ao futuro da Catalunha, afirmou durante um encontro com jornalistas estrangeiros.

Os separatistas catalães têm tentado em vão desde há anos conseguir a aprovação do Governo espanhol para a realização de um referendo sobre a decisão de independência, semelhante ao realizado na Escócia em 2014, que resultou na vitória do “não”.

Com a obtenção pela primeira vez, no ano passado, de uma maioria clara no parlamento regional catalão, os partidos secessionistas mudaram de tática e aprovaram um plano para alcançar a independência em meados de 2017.

Este plano sofreu, porém, um revés em junho passado, quando a coligação de governo de Puigdemont perdeu a maioria no parlamento regional em resultado da quebra de apoio do CUP (Candidatura d’Unitat Popular), um pequeno partido anticapitalista que defende uma linha dura nas questões relacionadas com a independência.

O campo pró-independência espera que as manifestações de hoje tragam um novo alento de união e estímulo a uma campanha que tem progredido bastante mais lentamente do que muitos dos seus apoiantes desejariam.

Puigdemont enfrenta, ele próprio, um voto de confiança em 28 de setembro próximo, no rescaldo das manifestações de hoje, vistas como um teste à unidade do ímpeto separatista.

O CUP, que retirou em junho o apoio à coligação, está novamente disposto a apoiar o Governo Regional na condição de este se comprometer em convocar a realização do referendo em 2017.