Marcos Grodetzky, do conselho de administração da brasileira Oi, renunciou esta segunda-feira ao cargo, numa altura em que o acionista minoritário Société Mondiale pedia a sua saída e a de outros membros ligados à Pharol, antiga PT SGPS.

Em comunicado enviado ao mercado, a operadora de telecomunicações, que enfrenta um processo de recuperação judicial para evitar a falência, informou que Marcos Grodetzky “apresentou a sua renúncia ao cargo de membro do conselho de administração no dia 9 de setembro”.

O comunicado, contudo, não aponta as razões para a renúncia, nem quem será o substituto. Contactada pela agência Lusa, a assessoria de imprensa da Oi também não prestou mais informações.

Marcos Grodetzky entrou para o conselho de administração como membro independente a 13 de junho, como suplente de Robin Bienenstock, especialista em telecomunicações.

Segundo a Oi, Marcos Grodetzky, com experiência de perto de 30 anos na indústria financeira, “exerceu funções no alto escalão de bancos” e entre “2002 e 2010, foi vice-presidente de finanças e relações com investidores da Telemar/Oi, Aracruz Celulose/Fibria e Cielo S.A”.

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“É sócio fundador da Mediator Assessoria Empresarial Ltda., empresa que desde 2011 atua com mediação entre empresas e acionistas, além de oferecer serviços de consultoria estratégica e financeira”, segundo a operadora de telecomunicações.

No currículo de Marcos Grodetzky consta que até outubro de 2013, “foi presidente executivo da empresa DGB S.A., holding de logística pertencente ao Grupo Abril S.A. e controladora” de várias empresas. “É membro independente do conselho de administração da Smiles S.A. e da Eneva S.A. e diretor financeiro da União Israelita Brasileira do Bem Estar Social – UNIBES, entidade filantrópica sem fins lucrativos”, de acordo com a Oi.

A saída acontece numa altura em que a gigante brasileira apresenta fortes divisões. O acionista brasileiro Société Mundiale Fundo de Investimento em Ações, que quer a destituição de vários membros do conselho de administração da Oi e a abertura de processos contra administradores e ex-administradores da empresa, tentou agendar duas assembleias-gerais para 8 de setembro com esse propósito.

Contudo, a realização das assembleias foi suspensa pela justiça brasileira, que determinou mediação entre as partes. Além disso, o plano de recuperação judicial apresentado pela empresa na segunda-feira passada não agradou ao grupo de credores representado pela Moelis & Company, detentor de 40% dos títulos de dívida da Oi e que fez saber que está a discutir com outros credores a formulação de um novo plano.

A empresa – que é a maior operadora de telefone fixo do Brasil e a quarta em rede móvel – enfrenta um processo de recuperação judicial por não ter conseguido negociar a sua dívida de 65,4 mil milhões de reais (17,66 mil milhões de euros).

A Pharol, antiga PT SGPS, detém cerca de 27% da empresa brasileira, enquanto o fundo brasileiro Société Mundiale conta com 7%.