Os membros da Academia Portuguesa de Cinema escolheram “Cartas da Guerra”, do realizador Ivo M. Ferreira, para representar Portugal na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, nos Óscares da Academia Americana de Artes e Ciências Cinematográficas. O filme foi este ano finalista ao Urso de Ouro de Berlim e vai também representar Portugal na categoria de Melhor Filme Ibero-Americano, nos Prémios Goya, da Academia Espanhola de Cinema.

Estreado em Portugal a 1 de setembro, é baseado no livro D’este viver aqui neste papel descripto — Cartas da Guerra de António Lobo Antunes, organizado e compilado pelas filhas do escritor após a morte da mãe, Maria José. O argumento foi adaptado por Ivo M. Ferreira e por Edgar Medina, numa história verídica que leva o público até à Guerra Colonial em Angola. Nos principais papéis estão Miguel Nunes, Margarida Vila-Nova, Ricardo Pereira, Tiago Aldeia, João Luís Arrais e Pedro Ferreira.

A 89ª Gala de entrega dos Óscares está agendada para o dia 26 de fevereiro de 2017 em Hollywood, na Califórnia, enquanto a 31ª Edição dos Prémios Goya está prevista para o dia 4 de fevereiro de 2017, em Madrid.

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“O universo da Academia Americana é uma questão muito complexa”

Conseguir um dos cinco lugares que concorrem à estatueta dourada, na cerimónia no Dolby Theatre, não é fácil. A nomeação da Academia Portuguesa de Cinema é o primeiro passo. No ano passado, por exemplo, 81 países submeteram um filme, de onde a Academia Americana selecionou depois nove películas semifinalistas. Nessa altura, cada filme terá de começar uma corrida pelos votos, para conseguirem um dos cinco assentos na cerimónia.

No caso português, houve duas fases. Na primeira, os cerca de 250 membros da Academia Portuguesa de Cinema escolheram quatro filmes, explica ao Observador o presidente, Paulo Trancoso. Foram eles “Cartas de Guerra”, “Montanha”, de João Salaviza, “Cinzento e Negro”, de Luís Filipe Rocha, e “Amor Impossível”, de António-Pedro Vasconcelos.

“A votação na segunda fase foi explícita”, adianta, sobre os resultados de “Cartas de Guerra”. De acordo com a produtora O Som e a Fúria, mais de 12 mil espectadores já foram ver o filme aos cinemas.

Expectativas de chegar ao Dolby Theatre é que são menos explícitas. “É um universo muito complexo. Aqui tentamos dignificar a escolha portuguesa, mas depois ultrapassa-nos completamente. O universo da Academia Americana é uma questão muito complexa”, assume.

No ano passado, a escolha da Academia Portuguesa de cinema foi para “As Mil e Uma Noites, Volume 2: O Desolado”, de Miguel Gomes, que acabou por não integrar a seleção final.