O conselho de administração do Millennium BCP, que esteve reunido nesta quarta-feira, pediu à comissão executiva do banco liderada por Nuno Amado, que “aprofunde as negociações” com a Fosun que têm por objetivo fixar as condições de entrada dos investidores chineses no capital do banco. Um comunicado da instituição, divulgado através do site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), indica que o conselho de administração pretende ver o processo clarificado até ao final de setembro, prazo fixado para a realização de uma nova reunião do conselho de administração para analisar o tema.

A operação teve acolhimento positivo por parte dos administradores do BCP. “O Conselho de Administração do BCP apreciou positivamente o interesse demonstrado pela Fosun [que já detém em Portugal a Luz Saúde a seguradora Fidelidade], e debateu linhas gerais do que poderão vir a ser os termos do investimento”, adianta o comunicado.

A informação surge na sequência da manifestação de interesse da Fosun em assumir uma posição equivalente a 16,7% do capital do Millennium, meta que seria concretizada através de um aumento de capital que ajudaria a melhorar os níveis de solvabilidade da instituição financeira. Os investidores chineses anunciaram, no final de julho passado, pretenderem, posteriormente, aumentar a participação para um intervalo situado entre 20% e 30% das ações do banco, através da compra de títulos no mercado secundário ou, também, de futuras operações de aumento de capital.

Após ter recebido a manifestação de interesse, os responsáveis do BCP emitiram um comunicado, a 30 de julho, em que reconheceram “o interesse estratégico potencial da proposta apresentada por um investidor internacional com o perfil da Fosun e com presença relevante no mercado português – características susceptíveis de aportar um potencial de cooperação e desenvolvimento sectorial e geográfico”. Mas o eventual investimento está sujeito a algumas condições.

Os investidores chineses querem ter lugares na administração do banco e na respetiva comissão executiva, além de pedirem que o limite ao exercício de direitos de voto nas assembleias gerais seja subido de 20% para 30% e a concretização de uma operação de reverse stock split, que vai reduzir o número de ações e, em consequência, provocará um aumento do valor em bolsa de cada ação do BCP.

O BCP teve resultados negativos de 197,3 milhões de euros durante o primeiro semestre de 2016, contra lucros de 240,7 milhões de euros no mesmo período do ano anterior. A Fosun foi um dos investidores interessados na aquisição do Novo Banco durante a primeira tentativa de venda que acabou por ser cancelada em setembro de 2015, nas vésperas das eleições legislativas de 4 de outubro.

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