A Economist Intelligence Unit (EIU) desceu esta semana a previsão de crescimento de Moçambique para 3,6%, metade do registada na última década, devido à queda da despesa pública, fracas exportações e perturbações na produção agrícolas. “Prevemos que o crescimento do PIB real abrande para 3,6% em 2016 [depois da previsão em agosto de 3,8%], vindo de uma média anual de 7,2% na última década, refletindo uma forte queda na despesa pública, um fraco desempenho das exportações num contexto de queda do preço das matérias-primas e perturbações na produção agrícola por causa do clima”, lê-se na mais recente análise ao país.

Na análise, enviada aos investidores pela unidade de análise económica da revista britânica The Economist, a que a Lusa teve acesso, os peritos afirmam que “é provável uma queda no investimento”, atribuível à “alta inflação, volatilidade da moeda e crescentes riscos políticos”.

Olhando especificamente para a zona central de Moçambique, os analistas da Economist antecipam que “a atividade económica, principalmente na indústria do carvão, deverá ser perturbada por causa da insegurança e da violência”. A partir do próximo ano, a EIU antecipa uma aceleração para um crescimento médio de 5,1% entre 2017 e 2020, impulsionado pela estabilização macroeconómica e pela recuperação da confiança dos investidores. O Fundo Monetário Internacional prevê um crescimento de 6% este ano e 6,8% em 2017, mas no primeiro semestre deste ano a economia moçambicana, segundo o Instituo Nacional de Estatística local, cresceu apenas 4,4%.

Moçambique atravessa um período de múltiplas crises, marcadas pelo arrefecimento do crescimento económico, forte desvalorização do metical face ao dólar, descida do preço das matérias-primas e das exportações, subida acentuada da inflação e queda do investimento estrangeiro e da ajuda externa, em resultado do escândalo dos empréstimos ocultados pelo Estado e que fizeram disparar os valores da dívida pública.

O país atravessa ainda uma crise política e militar entre Governo e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que se agravou nos últimos meses e afeta a circulação de pessoas e bens na região centro. Como consequência destes efeitos combinados, as intenções de investimento em Moçambique caíram 48% no primeiro semestre de 2016 comparativamente ao mesmo período do ano passado.

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