A Associação de Profissionais da Guarda (APG/GNR) recusa-se a dar parecer sobre a proposta de um novo estatuto profissional para a classe, que lhe foi enviada pelo Comando-Geral, e reivindica a discussão do documento com a ministra da tutela.

O Comando-Geral da GNR enviou às associações socioprofissionais um novo estatuto profissional com pedido de parecer num prazo de 22 dias, mas em comunicado a APG/GNR disse hoje recusar-se a “cumprir meros formalismos” apenas para que conste depois no diploma que “foram ouvidas as associações”.

Basicamente a APG/GNR não quer dar um parecer sobre um documento final, porque está segura de que as suas propostas não serão tidas em conta pelo Comando-Geral, mas sim discutir esse documento. E não com o Comando mas sim com o Ministério da Administração Interna.

“Com o Ministério vai haver mais isenção e imparcialidade, o que não acontece com os generais do Exército”, disse à Lusa o presidente da APG/GNR, César Nogueira, acrescentando o que já disse repetidas vezes: “o Comando-Geral tem opiniões muito diferentes das da APG”. E o parecer que lhe enviássemos, disse, teria o mesmo efeito que o que foi pedido sobre as horas de serviço, nenhum.

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“Não queremos que as coisas sejam assim. Vamos desconhecer o conteúdo aprovado e vamos enviar um ofício à ministra”, disse o responsável, ainda assim comentando a proposta de estatuto à Lusa: cada vez mais próximo das Forças Armadas e mais longe das Forças de Segurança.

Disse César Nogueira que a proposta começa por comparar a categoria de Guarda à de Praça das Forças Armadas. “Não tem nada a ver, o Guarda prepara-se para ser uma força de segurança o Praça prepara-se para combater”.

“Trata-se de uma proposta à imagem e semelhança da hierarquia militarista da Instituição, que a pretende aproximar cada vez mais das Forças Armadas, afastando-a da sua missão natural de segurança pública”, diz-se no comunicado.

A APG considera que na verdade o que se pretende é que não sejam ouvidos nem as associações nem os profissionais da GNR e que se aprove um estatuto “à pressa e em silêncio” sem “que existam condições objetivas de negociação”.