Violentos confrontos opuseram cerca de 80 simpatizantes da extrema-direita e 20 refugiados na quarta-feira à noite em Bautzen, no leste da Alemanha, informou hoje a polícia, que enviou para o local mais de uma centena de agentes.

Os incidentes começaram cerca das 21:00 locais (20:00 em Lisboa) numa praça da cidade, quando cerca de 80 homens e mulheres, na maioria “do movimento de extrema-direita”, e duas dezenas de refugiados se confrontaram, primeiro verbalmente e, depois, fisicamente, segundo um comunicado da polícia local.

“Testemunhas relataram que foram atiradas garrafas” e que “viram ferimentos”, precisa o comunicado.

“Quinze a 20 candidatos a asilo, todos menores que chegaram à Alemanha desacompanhados”, começaram por lançar garrafas e pedras contra o grupo de simpatizantes da extrema-direita, disse o chefe da polícia local, Uwe Kilz.

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Já na sexta-feira passada, segundo Kilz, o mesmo grupo de refugiados tinha lançado objetos contra apoiantes da extrema-direita.

O grupo atacado, no qual havia várias pessoas embriagadas, respondeu à agressão gritando “Bautzen pertence aos alemães” e lançando pedras e garrafas, prosseguiu o responsável.

Cerca de 100 agentes da polícia intervieram, utilizando gás lacrimogéneo e bastões, e os grupos dispersaram. Os refugiados regressaram ao centro de acolhimento, cuja segurança foi reforçada pela polícia, assim como noutros três locais de acolhimento na cidade.

Bautzen, uma pequena cidade de cerca de 40.000 habitantes a leste de Dresden, na antiga RDA (República Democrática Alemã), tem registado várias situações de violência contra refugiados.

As autoridades locais anunciaram recentemente a intenção de decretar o recolher obrigatório a partir das 19:00 para os cerca de 30 refugiados menores a residir na cidade e proibir o consumo de álcool nos centros de acolhimento.

Em fevereiro, imagens de dezenas de pessoas a assistirem entusiasmadas a um incêndio num centro de acolhimento de refugiados em Bautzen e a tentarem impedir a intervenção dos bombeiros chocaram a opinião pública alemã.

Em março, o presidente alemão, Joachim Gauck, que defende o acolhimento de refugiados e várias vezes apelou aos alemães para que mostrem generosidade no acolhimento, visitou Bautzen e foi recebido com insultos.

A Alemanha acolheu em 2015 mais de um milhão de refugiados e, no mesmo ano, registou, em todo o território, quase 1.000 ataques de natureza xenófoba.