Uma equipa do Fundo Monetário Internacional (FMI) visita Moçambique na próxima semana para auxiliar as autoridades do país numa auditoria aos empréstimos descobertos em abril que suspenderam a ajuda internacional.

A decisão foi tomada na quarta-feira, durante um encontro entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

Segundo uma nota enviada à agência Lusa, Lagarde “saudou os passos iniciais adotados pelas autoridades moçambicanas sobre as reformas e as políticas acordadas” e “salientou a necessidade de novas medidas destinadas a estabilizar a economia e de esforços mais decisivos para melhorar a transparência, nomeadamente uma auditoria internacional e independente das empresas que foram financiadas no âmbito dos empréstimos divulgados em abril de 2016.”

“A diretora-geral acolheu positivamente a disposição do governo de Moçambique de trabalhar com o FMI na definição dos termos de referência para este processo – a ser lançado pela Procuradoria Geral da República – e de implementá-lo. Para este fim, uma equipa de funcionários do FMI visitará Maputo na próxima semana”, acrescentou a nota.

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Filipe Nyusi reuniu-se também na quarta-feira com um alto responsável do Banco Mundial (BM) sobre o mesmo tema.

A cooperação entre as autoridades moçambicanas e o FMI e o BM deteriorou-se em abril, na sequência da descoberta de dívidas superiores a mil milhões de euros que o anterior governo contraiu entre 2013 e 2014 à revelia da Assembleia da República e das instituições financeiras internacionais.

Na sequência da revelação dos empréstimos, o FMI suspendeu o pagamento de um empréstimo de mais de 150 milhões de euros para Moçambique e exige a realização de uma auditoria forense para o reatamento da cooperação financeira.

Moçambique enfrenta ainda uma crise económica traduzida pela descida do valor das matérias-primas de exportação, forte desvalorização do metical, subida da inflação, desastres naturais e conflito militar no centro do país.

Na quarta-feira, Nyusi reuniu-se com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que referiu o “grande desafio” que se coloca à economia do país.

Além da crise económica e do serviço de dívida, o secretário de Estado referiu-se às confrontações militares que afetam as regiões centro e norte de Moçambique há mais de um ano.

Kerry afirmou que é preciso “reduzir alguns dos níveis de violência que tiveram lugar na relação com a oposição”, numa referência à crise política e militar entre Governo e Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

As reuniões do Presidente moçambicano estão integradas numa visita de trabalho de quatro dias aos EUA que passa por Washington e Texas.

Em Houston, no Texas, o chefe de Estado moçambicano será distinguido pela International Conservation Caucus Foundation, em reconhecimento do compromisso e ações desenvolvidas no âmbito da conservação da natureza.

Nyusi participará igualmente em atividades de promoção comercial e vai interagir com instituições científicas, nomeadamente o Instituto Internacional Republicano, Instituto da Paz e Conselho Atlântico.

Na próxima semana, estará em Nova Iorque para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas.