Esta semana foi péssima para Hillary Clinton. Não houve praticamente um dia em que a candidata do Partido Democrata à Casa Branca não tenha estado envolvida em situações desconfortáveis ou polémicas. Quem está a beneficiar diretamente com isso é o opositor, Donald Trump, que nos últimos dias se tem aproximado cada vez mais de Clinton nas sondagens.

Quase todos os estudos de opinião mais recentes dão a vitória à democrata e ainda há uma tendência que lhe é claramente favorável, mas a distância entre Hillary e Trump está a encurtar. Nos últimos dias foram divulgadas sete grandes sondagens. A mais recente, da Fox News, dá 41% dos votos a Clinton e 40% a Trump. Outras, como a da empresa de sondagens Rasmussen, já dão a vitória ao candidato republicano (42% vs. 40% de Hillary). E outras ainda, como as do New York Times e da Reuters, dão um empate entre os dois concorrentes.

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A evolução das tendências de voto desde março até este fim de semana. Clinton e Trump nunca estiveram tão próximos (gráfico do New York Times)

A semana negra de Hillary Clinton começou na sexta-feira, dia 9. Num evento de campanha, a candidata disse que “se podia colocar metade dos apoiantes de Trump num caixote de deploráveis”, especificando que aqueles eram “racistas, sexistas, homofóbicos, xenófobos e islamofóbicos”. Estes comentários agressivos, mais comuns da parte do republicano do que da democrata, levaram Hillary a pedir desculpa no dia seguinte. “Ontem à noite fiz uma generalização e isso nunca é boa ideia. Lamento ter dito ‘metade’, isso foi errado.”

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No domingo de manhã, 11 de setembro, Clinton teve de sair a meio de uma cerimónia de homenagem às vítimas dos atentados de 2001 em Nova Iorque. Um vídeo amador captou a candidata democrata a desmaiar enquanto entrava no carro, o que imediatamente relançou a discussão — durante meses alimentada pela campanha de Trump — sobre o verdadeiro estado de saúde de Hillary. E o próprio staff não ajudou: num espaço de poucas horas, a assessoria de imprensa de Clinton deu três explicações diferentes para o que tinha acontecido. Por fim, a própria veio a público assumir que sofria de uma pneumonia.

Apesar de parecerem episódios de pouca importância, os efeitos estão a sentir-se. Nas sondagens publicadas ao longo da semana — e que refletem entrevistas feitas durante e depois estes acontecimentos –, Donald Trump está a conseguir importantes vantagens em estados determinantes para a eleição de novembro. No Ohio e no Iowa, estados em que Barack Obama venceu as duas últimas eleições, o republicano já tem uma distância considerável sobre Hillary, que não tem poupado nos gastos e esforços de campanha para inverter esta tendência.

Para os democratas, mais preocupante ainda é a Florida. Trata-se de um estado crucial, que elege 29 pessoas para o colégio que escolhe o futuro presidente americano — e onde, depois de uma confortável liderança durante meses, Trump ultrapassou Clinton nas sondagens dos últimos dias. Para Hillary, uma vitória na Florida significaria quase de certeza a vitória geral. Uma derrota complica-lhe a vida, deixando-a dependente do que aconteça nos outros nove estados fundamentais para desequilibrar a balança eleitoral.

É por isso que a caravana democrata tem apostado mais do que nunca em estados como o New Hampshire, que só escolhe quatro pessoas para o colégio eleitoral. Aqui, no Colorado, no Michigan, na Pensilvânia e na Vírginia, as sondagens mostram Trump a aproximar-se. Para a semana, no dia 26, realiza-se o primeiro debate presidencial. A corrida promete ser mais renhida do que o esperado.