Obama, conhece? Pois bem, o presidente dos EUA é alvo de um estudo por parte da Universidade de Chicago, a cargo de Eugene Caruso. O objetivo é reunir um grupo de estudantes capaz de interpretar algumas fotografias de Barack, umas secretamente clareadas e outras escurecidas. Segue-se a pergunta “qual a fotografia que melhor representa Obama?” A surpresa dos resultados é evidente, com os progressistas a apontarem para as fotografias do presidente clareadas e os conservadores para as escurecidas. A conclusão é óbvia: quanto mais se concorda com um político, mais claro nos parece o seu tom de pele.

O Braga de José Peseiro é mais ou menos a mesma coisa. Com a ajuda do Photoshop, os progressistas acham-no com possibilidades de incomodar os grandes. Já os conservadores dizem que ainda não é a sua vez. É a tal imagem escurecida. Na Luz, o Braga aparece com vontade. O onze inclui Pedro Santos, Ricardo Horta, Wilson Eduardo e Hassan. Todos os quatro no ataque à baliza de Júlio César. No outro lado, André Horta (irmão de Ricardo) também é titular, ao lado do regressado Mitroglou. É precisamente do grego o primeiro momento de frisson, com um remate de fora da área, rente ao poste, aos 56 segundos. O Braga empertiga-se e avança destemido. Aos 4’, Horta aproveita mau passe de Fejsa e isola Hassan, cujo remate quase com o calcanhar sai-lhe francamente mal, muito ao lado. No instante seguinte, mais Braga. Outra vez Hassan, agora a ziguezaguear pela direita até cruzar ao segundo poste, onde Pedro Santos atira para defesa de Júlio César. Assim, sim. Habemus Braga.

O Benfica dá um safanão e faz valer do fator casa para criar duas situações de perigo, por Salvio (12’) e Grimaldo (20’). Em ambos os casos, Marafona salva o Braga com uma categoria ímpar. Está de parabéns o homem que mete Diego ao filho (Diego Marafona, get it? só falta o Armando ali no meio, que tentação). Tal já não acontece aos 27’, num belíssimo golo de Mitroglou. Ou melhor, a beleza do golo é o calcanhar de Pizzi. Que delícia. Com um calcanhar daqueles (não confundir com o de Aquiles), a defesa do Braga abre um buraco, devidamente aproveitado por Gonçalo Guedes para o cruzamento rasteiro e atrasado. Mitroglou faz que avança e recua. Quando chuta, a bola segue imparável para a gaveta. Marafona estica-se e ainda toca na bola. Em vão, 1-0. O Braga mostra então a sua raça. Horta falha o empate na cara de Júlio César (37’) e Rosic permite a defesa do guarda-redes brasileiro na sequência de um canto (45’).

Soa o apito, chega o intervalo. É o fim do Braga. Na segunda parte, o Benfica não dá qualquer hipótese e está mais perto do 2-0 do que propriamente do 1-1. Gonçalo Guedes obriga Marafona a trabalhos forçados aos 50’ e 70’. Lesiona-se então o central André Pinto, substituído por Artur Jorge, filho de outro Artur Jorge, capitão do Braga dos anos 90 de Quim, Zé Nuno Azevedo, Castanheira, Barroso, Karoglan e mais uns quantos artistas da bola. Acto contínuo, o Braga desorienta-se por completo. Mitroglou organiza jogo e atrasa a bola, que bate em Coutinho e vai parar a Pizzi, isoladíssimo. O 21 atira de pronto, sem pensar: 2-0. O golo agita o Braga e obriga a intervenção de Peseiro. Mais uma vez, Jorge Sousa interpreta mal e expulsa o homem do leme (que até ganhara na última visita à Luz: Mitroglou, Herrera e Aboubakar, 2-1 para o Porto). Quando Peseiro quer ser treinador de bancada (literalmente), os adeptos do Benfica não o permitem numa primeira instância. Talvez por excesso de pseudo-entendidos naquele sector.

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Adiante. O Braga atrapalha-se e consente o 3-0. Pizzi, sempre ele!, recebe ao segundo poste, trabalha junto à linha final e oferece de bandeja para Mitroglou. De cabeça e baliza aberta, o grego marca um dos golos mais fáceis da carreira, Daqui até ao fim, assiste-se ao desfile da braçadeira de capitão do Benfica: de Salvio para Fejsa e de Fejsa para André Almeida. É no mandato do lateral que nasce o 3-1 de Rosic, em jiogada de antecipação a Lisandro López, na sequência de um canto da esquerda de Wilson Eduardo. Fim, o 3-1 bate certo (é a primeira vitória do Benfica na Luz em 2016-17, após o duplo 1-1 com Vitória FC e Besiktas). O tricampeão Benfica agarra-se ao trono. Sexta-feira há mais (Porto-Boavista e Sporting-Estoril), sábado também (Chaves-Benfica). Com Photoshop ou não, eis a questão.

Na Luz, com Jorge Sousa (Porto) no apito, as equipas ziguezagueiam assim:

BENFICA: Júlio César; Nélson Semedo, Lisandro, Lindelöf e Grimaldo; Fejsa (André Almeida, 89’); Salvio (cap) (Carrillo, 66’), Pizzi e André Horta, Gonçalo Guedes e Mitroglou (José Gomes, 82’). Treinador: Rui Vitória (português)

BRAGA: Marafona; Baiano, Rosic, André Pinto (Artur Jorge, 72’) e Goiano; Mauro e Vukcevic; Pedro Santos (Alan, 81’), Ricardo Horta (Douglas Coutinho, 67’) e Wilson Eduardo, Hassan. Treinador: José Peseiro (português)

Marcadores: 1-0, Mitroglou (27’); 2-0, Pizzi (74’); 3-0, Mitroglou (78’); 3-1, Rosic (90’)

Indisciplina: expulsão do treinador José Peseiro (74’)