Luís Montenegro, o líder parlamentar do PSD, rejeitou a “responsabilidade” pelo fracasso da eleição de Correia de Campos para presidente do Conselho Económico e Social (CES), afirmando que é um fracasso “transversal a todas as bancadas”.

Esta segunda-feira Carlos César, o líder parlamentar do PS, desafiou o PSD a garantir os votos para eleger Correia de Campos para presidente do CES, depois deste não ter conseguido reunir todos os sufrágios necessários. O antigo ministro da Saúde conseguiu apenas 105 dos 147 votos precisos para ser eleito, isto apesar de as bancadas do PSD e do PS somarem total de 175 deputados, o suficiente para eleger o socialista.

Montenegro respondeu ao pedido de César afirmando, à TSF que “a garantia é muito simples: nós tudo faremos para cumprir o compromisso com o PS. Faremos o trabalho de sensibilização dos nossos deputados. É um trabalho que cabe a todos os grupos parlamentares e às direções parlamentares. É inequívoco que o fracasso da votação anterior é transversal a todas as bancadas e em igual importância porque os números falam por si”.

Orçamento de Estado 2017

O líder parlamentar afirmou também que “não passa pela cabeça de ninguém” que o seu partido “influencie o Orçamento de Estado” para 2017, já que a linha política do Governo não é semelhante à do PSD.

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Montenegro afirmou que o Governo tem de assumir a responsabilidade pelo Orçamento para 2017, já que tem o “apoio e cooperação das instituições europeias, a cooperação do Presidente da República e o apoio parlamentar de maior parte dos deputados”. O líder parlamentar explicou, em entrevista à TSF, que o seu partido vai também assumir as suas responsabilidades: “fiscalizar a ação governativa, escrutinar o Governo e construir a nossa alternativa política”.

O líder parlamentar dos social-democratas acusou ainda o PS de ignorar os problemas estruturais do país e de não estar a cumprir o prometido no Orçamento de Estado 2016, afirmando que existe um “falhanço da política económica”.

Quanto à linha política do PS, o deputado do PSD considera que os socialistas têm, atualmente, um programa político mais radical e que não é possível reconhecer nas suas opções “os eixos da governação de Mário Soares, António Guterres e mesmo de José Sócrates”.

A convocação do Conselho de Estado para o dia 29 de setembro — duas semanas antes do prazo limite para a apresentação do Orçamento de Estado — foi desdramatizada por Montenegro, que considerou que esta pode ser “uma pressão positiva”, acrescentando que faz parte das competências do Presidente influenciar o Parlamento e o Governo para que “decidam bem” e de acordo com os “interesses dos portugueses”.