O Presidente do Brasil, Michel Temer, disse esta terça-feira que o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República respeitou a Constituição, no seu primeiro discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

O Brasil acaba de atravessar um processo longo e complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira, que culminou num impedimento [destituição de Dilma Rousseff]. Tudo transcorreu dentro do mais absoluto respeito constitucional. O facto de termos dado esse exemplo ao mundo implica que não há democracia sem Estado de direito – sem normas que se apliquem a todos, inclusive aos mais poderosos”, disse Temer.

No comando do Palácio do Planalto em definitivo deste o final do mês de agosto, Temer tem sido contestado por protestos populares organizados no Brasil e também em pequenos atos convocados no exterior.

Após a sua chegada a Nova Iorque para participar nesta Assembleia da ONU, alguns manifestantes juntaram-se em frente do seu hotel com cartazes onde se lia a frase “Fora, Temer“.

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Além de defender a legalidade do ‘impeachment’, Michel Temer fez questão de defender as instituições do país, frisando que “o Brasil tem um Judiciário independente, um Ministério Público atuante, e órgãos do Executivo e do Legislativo que cumprem o seu dever”.

O líder do poder executivo também mandou um recado aos investidores e governos estrangeiros, frisando que ele e a sua equipa estão a trabalhar para recuperar a economia brasileira.

“A nossa tarefa é retomar o crescimento económico e restituir aos trabalhadores brasileiros milhões de empregos perdidos. Temos clareza sobre o caminho a seguir. Este caminho será o da responsabilidade fiscal e da responsabilidade social”, apontou.

Sobre temas globais, o Presidente brasileiro falou contra o protecionismo agrícola e congratulou-se pelo acordo de paz assinado entre o Governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), considerando que se tratou de um avanço da América do Sul.

Temer expôs ainda perante os líderes mundiais presentes na Assembleia-Geral da ONU a sua visão sobre os problemas causados pelas crises e conflitos, que geraram milhares de refugiados.

Para o Presidente brasileiro:

A vulnerabilidade social de muitos, em muitos países, é explorada pelo discurso do medo e do entrincheiramento. Há um retorno da xenofobia. Os nacionalismos exacerbados ganham espaço. Em todos os continentes, diferentes manifestações de demagogia trazem sérios riscos”.

O Presidente também mandou um recado à instituição, dizendo que deseja que a ONU seja capaz de produzir resultados e de realizar mudanças no seu Conselho de Segurança, no qual o Brasil pede há anos um assento permanente.