O chefe da diplomacia francesa, Jean-Marc Ayrault, exigiu esta quarta-feira no Conselho de Segurança das Nações Unidas a imposição de sanções contra os autores dos ataques com armas químicas na Síria, nomeadamente o regime do Presidente Bashar al-Assad.

Nenhum crime deve passar em silêncio, mesmo em contrapartida de uma trégua. Não há paz se houver impunidade, e o Conselho deve agir ao abrigo do capítulo 7 [da Carta das Nações Unidas, relativo a “ameaças à paz, rotura da paz e atos de agressão”] para condenar estes ataques e sancionar os seus autores”, declarou Ayrault.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês recordou que um relatório da ONU já atribuiu responsabilidade a Damasco por dois ataques com armas químicas no norte da Síria em 2014 e 2015.

No entanto, nenhuma proposta de resolução com o objetivo de sancionar a Síria foi entregue ao Conselho de Segurança, que inclui como um dos cinco membros permanentes a Rússia, o mais forte aliado do regime sírio.

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Jean-Marc Ayrault também sugeriu que o Conselho de Segurança exija ao regime sírio “o regresso de todos os seus soldados aos quartéis”.

O ministro constatou que o acordo entre russos e norte-americanos relativo a um cessar-fogo constitui “a única proposta sobre a mesa”, pelo que apelou a que a trégua alcançada – e entretanto destruída – seja restaurada. Jean-Marc Ayrault também responsabilizou o regime sírio pelo fim do cessar-fogo.

É preciso que os combates terminem, que a ajuda humanitária chegue e que uma dinâmica de paz se inicie, com vista a uma solução política”, a única maneira de refrear o conflito, afirmou.

Ainda assim, o ministro francês admitiu que tal “é difícil”.

Na mesma reunião do Conselho de Segurança, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, tinha proposto a criação de zonas de exclusão aérea na Síria, em vários territórios chave para a distribuição de ajuda humanitária.

As declarações de Kerry surgem horas depois de os Estados Unidos terem, novamente, responsabilizado a Rússia por um ataque aéreo contra uma coluna humanitária na segunda-feira, que matou 20 pessoas e causou a destruição de 18 de 31 camiões com alimentos, medicamentos e outra ajuda de primeira necessidade.

A Rússia e a Síria negaram a autoria do ataque.